Com AGRO3 e SOJA3 em destaque, analistas comentam perspectivas para ações do agro em 2023

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Com 11 representantes na bolsa, a expectativa é que o agronegócio tenha uma “acomodação bem relevante das margens [de lucro], mas ainda acima da média histórica”, afirma Vitor Polli, analista de agronegócio da Levante Corp. 

O segmento deve continuar apresentando em 2023 forças semelhantes às ocorridas no final de 2022. Segundo Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, desde o início da Guerra na russo-ucraniana é observado um grande aumento nos insumos para a produção agrícola, “comprimindo as margens das empresas nos resultados dos últimos trimestres”. 

Além disso, uma possível recessão neste ano também pode contribuir para uma queda no preço das commodities agrícolas, devido à redução do consumo, gerando ainda maior compressão das margens.

Para este ano, o analista da Levante acredita que haverá uma nova safra recorde no país, desta vez acima das 300 milhões de toneladas. Caso a expectativa se concretize, o desafio, segundo ele, será escoar e armazenar tamanha produção.

Agro no Ibovespa

Entre as listadas no Ibovespa, a Raízen [RAIZ4] trabalha com açúcar, etanol e com operações dos postos de gasolina da marca Shell. Com uma abordagem bem diferente, SLC Agrícola [SLCE3] é uma produtora com a maior parte das terras arrendadas concentrada em três culturas: algodão, soja e milho.

 

Para o setor de açúcar e etanol, a Benndorf espera que 2023 seja um ano difícil, “dado que se espera que a desoneração atual dos impostos sobre os combustíveis seja revertida a partir de um modelo de subsídio através da Petrobras, que iria manter os preços dos combustíveis mais baixos afetando as margens da Raízen”. 

Contudo, a companhia investe muito em tecnologia e é uma “produtora eficiente” de cana de açúcar, afirma Niels, o que deve contribuir para a companhia continuar ganhando relevância no setor.

Já para a SLC, a expectativa da Benndorf é de mais um ano de aumento na produtividade, “com os custos pressionando as margens devido ao aumento de preço dos defensivos e fertilizantes”. Apesar disso, essas premissas incorporadas aos preços levam a um valuation atrativo. 

“Vemos a estratégia da companhia com bons olhos, dado que o foco passou a ser na eficiência e na redução de custos, algo importantíssimo para uma empresa de commodities e que deve garantir rentabilidades acima da média nos próximos anos”, reitera o especialista.

Apesar das diferenças, as duas são indiretamente afetadas pela cotação do petróleo, que influencia fortemente o preço do algodão, devido à concorrência entre fibra natural e sintética.

Agro fora do Ibovespa

Fora do índice, a lista de empresas do agro é maior: 3Tentos [TTEN3], AgriBrasil [GRAO3], AgroGalaxy [AGXY3], Boa Safra [SOJA3], BrasilAgro [AGRO3] e Terra Santa [LAND3]

O destaque do segmento é Boa Safra, segundo a Benndorf, “pois o mercado de sementes é um dos que mais cresce no setor”. Niels enxerga um grande crescimento da empresa nos próximos anos e potencial de valorização significativo caso a gestão se mostre diligente na alocação de capital.

Já a Levante chama atenção para Brasil Agro. “É uma empresa que eu gosto bastante também, e acho que a perspectiva dela vale a mesma coisa que para SLC, que é de margem ainda boa, acima da média histórica, mas menor que as dos últimos anos”, diz Vitor Polli. 

Segundo o analista da Levante, as ações estão baratas, pois o market cap vale mais que o valor líquido dos ativos.

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