Começou a temporada de balanços; aprenda a ler os relatórios e veja se a empresa melhorou ou piorou

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Ebitda, Capex, margem e os demais indicadores reportados em um balanço trimestral podem confundir investidores menos afeitos à contabilidade – ou mesmo afastá-los da ideia de acompanhar os relatórios, sob a premissa de que os dados se direcionam apenas ao investidor institucional.

Ledo engano. Os relatórios trimestrais têm relevância substancial para o investidor pessoa física, inclusive para os adeptos a estratégias de curto prazo, comenta Marcus Vinicius Leoncio, assessor de investimentos da BRA BS/.

O balanço “pode impactar no preço das ações imediatamente após a divulgação”, explica.  “Logo, para não tomar qualquer decisão precipitada ao ver as ações reagindo ao balanço, o investidor precisa sim acompanhar e entender o que está acontecendo”.

“Com o acompanhamento [dos balanços], é possível identificar caso haja alguma mudança nos fundamentos que justifique se desfazer da posição”, corrobora Guilherme Domingues, analista de varejo da Eleven Financial, também mencionando a reação das cotações aos dados operacionais.

Nesse aspecto, “normalmente, o que faz preço são as mudanças”, explica Rodrigo Correa, estrategista-chefe e sócio da BS/ BRA. “A empresa ruim melhorando, a empresa boa piorando” ocasionam reações mais expressivas do mercado.

Como interpretar balanços?

O crescimento das receitas é o primeiro indicador a ser observado em todo balanço trimestral, comenta Rodrigo Correa. “Receita é a principal linha de qualquer empresa”, e significa o montante de dinheiro que entrou na companhia. Dessa forma, prossegue o estrategista, quanto maior o crescimento e quanto  mais constante ou previsível ele for, melhor.

As margens tampouco podem passar despercebidas, pois traduzem os gastos operacionais. De acordo com Correa, ademais dos impostos, a maioria dos custos se deve à gestão. Portanto, o acompanhamento das margens possibilita um olhar mais amplo sobre a administração de recursos da empresa.

O estrategista acrescenta a geração de caixa livre. “Depois que você pagou todo mundo que você deve, o que sobra é de fato o lucro, e, mais importante que isso, é o lucro econômico da empresa”, pondera. Por lucro econômico, entende-se uma geração de caixa adequado ao capital investido.

Para Correa, a leitura de balanços poderia render um curso de pós-graduação inteiro. Ao mesmo tempo, o assunto “não é nenhuma ciência de foguete”, de modo que o investidor leigo consegue tirar proveito dos relatórios através dos indicadores mencionados. “Você acompanhando bem esses três pontos, em teoria você conseguiria ler muito bem o balanço”.

Contexto macroeconômico não pode ser descartado na análise de balanços, diz Marcus. [Fonte: Pixabay]
A prioridade para cada linha dos relatórios alterna de acordo com o setor, frisa Guilherme Domingues. “Como cada segmento tem suas peculiaridades e dinâmica de funcionamento, a forma como analisamos seus números também muda”.

No contexto das varejistas do segmento alimentar, por exemplo, o número de dias de estoques e contas a receber têm ampla relevância. “O indicador operacional de vendas nas mesmas lojas também é muito importante, porque mostra a capacidade da empresa crescer organicamente (sem a abertura de novas lojas)”, completa.

Isoladamente, o relatório de apenas um trimestre diz pouco. “Importante também saber como anda o histórico dos últimos balanços, para entender se a empresa está mantendo um bom ritmo de crescimento ou não”, ressalta Marcus Vinicius.

O assessor também destaca a necessidade de conhecimento do cenário macroeconômico vigente, “pois empresas podem ter resultados melhores ou piores dependendo da situação econômica do país e do mundo”. Ao olhar o panorama completo, o investidor consegue visualizar se os números apresentados comungam com os resultados prévios de uma empresa ou foram impactados por um fator não recorrente.

Como comparar os resultados?

Os três especialistas recomendam acompanhar os resultados de empresas nas quais não se investe. “Assim, é possível ter uma maior sensibilidade de como o setor e seus concorrentes estão desempenhando”, diz o analista da Eleven.

Marcus aplica o conselho em termos de oscilações de preço. “Se o resultado da Localiza (RENT3) vier muito acima da expectativa, pode fazer com que investidores esperem o mesmo para o balanço da Movida (MOVI3) , refletindo em alta das ações das duas empresas”, exemplifica.

Já Correa frisa a utilidade da comparação para seleções de portfólio. Quem investe em Gerdau (GGBR3; GGBR4), por exemplo, deve procurar saber o desempenho de pares como Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3). “Você vai querer saber de outras empresas do mesmo setor pra saber se de fato aquela empresa está fazendo o melhor com aquele momento que ela tem ou não”.

 

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