Como investir em ambiente de juros altos?

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DISCLAIMER: o texto a seguir trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

Para os brasileiros, talvez essa seja a principal pergunta a se fazer em relação a investimentos em 2023.

Tudo leva a crer que teremos mais um ano de juros altos: (I) inflação futura voltando a acelerar; (II) Lula batendo publicamente no Banco Central (BaCen) a fim de o órgão abaixar os juros na ‘canetada’ (de forma artificial); (III) Lula e PT pressionando por mudanças nas metas de inflação já definidas pelo CMN até 2025.

Esses efeitos todos se somam e andam em uníssono em direção a mais (e não menos) inflação neste país.

Sendo o BaCen legalmente independente e sua equipe responsável, não há como esperar uma queda da Selic ao longo desse ano. Se acontecer, será à base de pura pressão política e não a partir do mérito de termos reduzido a expectativa de inflação futura.

Então, como investir neste ano?

Alguns pontos são relevantes para qualquer investidor. Trataremos sobre eles neste texto. De toda forma, vale lembrar: identificar seu perfil como investidor e ter um portfólio adequado, definido para suas necessidades, é 80% ou mais do caminho a seguir. O que colocarei aqui são os 20% de ajustes restantes.

Por isso, inicialmente, tenha a certeza de ter a melhor alocação para seu perfil atuando em seu portfólio. Essa é a primeira e maior construção a qual todo investidor pode fazer por seu patrimônio. Após tal adequação, volte e leia os conselhos deste texto.

Vamos aos pontos relevantes para 2023, na ordem de importância (da maior para a menor):

RENDA FIXA: Garantir que se tenha uma farta alocação em renda fixa, aproveitando as excelentes taxas atuais (Selic em +13,75%, não teria como ser diferente);

MOEDAS FORTES: É preciso internacionalizar parte de seu portfólio. O brasileiro, em média, ainda não aprendeu a lição: não se deve ter 100% de seus investimentos atrelados ao Brasil e ao real (BRL);

RENDA VARIÁVEL: Não se deve esquecer ou ignorar a renda variável, porque o mar está para renda fixa. Bolsa, imóveis, cripto, enfim, tudo que flutua bastante pode ser uma jogada excelente para os portfólios de quem tem perfil para isso. Nesse caso, investir com cuidado e com horizonte de três anos no mínimo;

BONS FUNDOS: Aproveitar e terceirizar parte da gestão para boas gestoras de recursos.

A primeira sugestão é a mais óbvia: vamos aproveitar as altas taxas de juros.

Com a Selic a dois dígitos, não daria para ser de outra forma. É hora de aproveitar o ativo que mais facilmente te dará retorno com risco baixo. A partir desse nível da taxa básica de juros, bastam 5,5 anos para se dobrar nominalmente o capital sem risco.

Difícil competir com essa referência ou benchmark, por isso use e abuse da renda fixa.

Mas qual tipo de indexador eu deveria ter?

Um pouco das três formas: pós-fixado, inflação e pré-fixado; nessa ordem, de preferência.

O pós-fixado se beneficia diretamente das altas taxas de juros e, normalmente, não tem ‘cota negativa’, ou seja, não dá susto em ninguém.

A pressão inflacionária pode estar em baixa, olhando-se a tendência dos últimos 12 meses, porém, como colocado no primeiro parágrafo, a tendência atual é mais inflação e não o contrário. Além disso, o Brasil é um notório caso de indexação à inflação dos contratos em geral, e esse tipo de situação só alimenta o aumento generalizado dos preços.

Por isso, carregar posições estratégicas atreladas a inflação é sempre uma boa forma de se proteger. Por fim, estamos mais positivos com as taxas pré-fixadas, mas vemos que elas ainda carregam o risco de serem afetadas por uma possível barbeiragem política e fazerem as pós-fixadas ficarem ainda mais atrativas.

Então, o risco é entrar no papel escolhido e ele cair eventualmente, em função da abertura de taxas – que pode acontecer. Por isso, um mix dos 3
indexadores é bem-vindo a toda carteira.

De forma mais específica, eu manteria o cuidado em preservar um nível de liquidez alto na parte de renda fixa, a fim de possivelmente utilizá-lo em compras de renda variável, numa possível queda dos mercados à frente. Nesse cenário, naturalmente, brilham os instrumentos pós-fixados com liquidez diária (seja RF direta, sejam fundos caixa).

Vamos investir mais no exterior?

Existe uma tendência – global – de os investidores concentrarem seus portfólios no que mais conhecem, isto é, nas empresas e investimentos locais de seu próprio país. Essa característica é ainda maior nos brasileiros, em comparação a investidores de outras nacionalidades.

Por isso, acredito valer a pena, após o colchão bem reforçado na renda fixa, analisar, com carinho, se seu portfólio está com parte investida globalmente. Se ainda não tem nada nesse sentido, aproveite as facilidades cada vez maiores para internacionalizar seu patrimônio.

Atualmente, na XP, por exemplo, a partir de R$ 10 mil investidos, já se tem acesso à uma plataforma de investimentos globais. Em outras palavras, está realmente bastante acessível a praticamente qualquer investidor.

E no que investir?

Aproveite o aumento das taxas de juros americanas e invista em dólares (USD) na renda fixa. Prefira empresas globais, as quais não estejam aqui na B3 (nossa bolsa local). Assim, você diversifica não só a moeda, mas também o ativo (setor e geografia).

O tamanho do portfolio a ser aplicado vai variar com o quanto a vida de cada investidor está atrelada ao exterior. Se não houver ‘nada’ de sua vida atrelado ao exterior, pense em ter ao menos de 5 a 10% do seu portfólio em USD (daí para cima…).

A renda variável perde um pouco o brilho em ambientes de altas taxas de juros. Isso não significa dizer “não invista nada em renda variável”, apenas um reconhecimento da necessidade de cuidado maior na seleção dos ativos.

Por exemplo, a bolsa brasileira está num nível de precificação realmente baixo, o qual deverá, nos próximos anos, trazer a alegria para aqueles que nela investirem (e fazer inveja a quem não aproveitar) este momento.

Bolsa, como investimento e não especulação, é sempre para o longo prazo (mínimo 5 anos).

É bastante razoável esperar excelentes investimentos de quem entrar nesses múltiplos, visto seus níveis atuais. A expansão deles multiplicará o efeito da expansão de lucros e trará resultados aos que tiverem paciência e estômago para a volatilidade natural do ativo.

Agora, podemos também estar testemunhando o final do inverno das criptomoedas.

Essa previsão é difícil de se fazer, mas, se estivermos corretos, com a baixa das criptos nos últimos dois anos, um pedacinho (de 1% a 2%) do portfólio pode fazer sentido para os investidores mais agressivos.

Caso se tenha algo em criptomoedas, sugiro não olhar a posição todo santo dia. Olhar de 3 em 3 meses pode ser mais tranquilo e produtivo.

Por último, dadas as grandes incertezas em nível global – reequilíbrio macro no combate a inflação – e local – desafios políticos do novo governo -, é sábio, nesse momento, terceirizar parte do investimento a gestores profissionais dedicados, cada um em sua área de expertise, a fazer os melhores investimentos.

Aqui vejo claramente dois tipos de fundos os quais podem merecer sua atenção:

FUNDOS MULTIMERCADOS (FIMs): Fundos que podem investir, normalmente, em qualquer ativo. Em ambientes de altas incertezas, esses veículos têm o benefício da agilidade e do foco da gestão;

FUNDOS DE AÇÃO (FIAs): Como colocado anteriormente, podemos estar num dos melhores pontos para se investir em bolsa Brasil. Que tal fazer isso contando com a expertise dos melhores gestores nessa classe de ativos?

Em resumo, tenha a alocação correta para seu perfil de investidor – base de tudo – e depois aproveite. Em ordem de importância: RF local, RF global, Bolsa Brasil e fundos de bons gestores (FIMs e FIAs).

Se tiver dúvidas em como fazer isso, fale com seu assessor ou entre em contato conosco da Nomos – teremos o maior prazer em te assessorar e ajudar a atingir seus objetivos.

Bons investimentos!

 

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