Como o aumento do dólar impacta a vida dos brasileiros

por Lucas Fernandes

 

O valor do dólar em relação ao real é um dos principais indicadores econômicos no Brasil. Quando a moeda americana se valoriza, os reflexos são sentidos em praticamente todas as esferas da economia e no cotidiano dos brasileiros. O impacto vai muito além das viagens internacionais ou das compras de produtos importados. Afeta diretamente os preços de combustíveis, alimentos, eletrônicos e até o mercado de trabalho.

O dólar norte-americano é a moeda de referência para o comércio global. Isso significa que grande parte das transações internacionais é feita em dólar. O petróleo, por exemplo, é precificado em dólar, assim como outros commodities (produtos básicos de grande importância, como soja, milho e minérios).

Além disso, o Brasil é um país que depende de importações para muitas áreas da economia. Produtos industrializados, medicamentos, insumos agrícolas e combustíveis são exemplos de bens que precisam ser comprados no exterior e pagos em dólar. Qualquer oscilação no valor dessa moeda afeta diretamente o custo desses produtos.

Quando o dólar sobe, os produtos importados se tornam mais caros. Isso acontece porque as empresas brasileiras precisam pagar mais reais para adquirir a mesma quantidade de dólares usada na compra dos produtos ou insumos no mercado externo. Isso afeta os eletrônicos, produtos como celulares, computadores, tablets e videogames dependem fortemente de peças importadas.

Com a alta do dólar, o preço final para o consumidor aumenta. Medicamentos e equipamentos de saúde, pois muitos remédios e materiais médicos são importados ou utilizam componentes estrangeiros. Isso encarece o custo da saúde no Brasil. Veículos, já que o setor automobilístico também depende de peças e insumos importados. Carros, motos e caminhões tendem a ficar mais caros quando o dólar está alto.

O Brasil importa parte do petróleo e dos combustíveis refinados, como a gasolina e o diesel. Como o preço do barril de petróleo é cotado em dólar, o aumento dessa moeda gera um impacto imediato no valor dos combustíveis. Quando o preço dos combustíveis sobe, o efeito se espalha por toda a economia:

O transporte de mercadorias, feito em grande parte por caminhões, fica mais caro. Empresas que dependem de transporte para distribuir seus produtos precisam repassar os custos para o consumidor final. A conta chega ao bolso dos brasileiros, seja no preço dos alimentos no supermercado ou no aumento das tarifas de transporte público.

O aumento do dólar tem um efeito inflacionário no Brasil. Produtos que dependem de importação ou exportação direta tornam-se mais caros, gerando um efeito cascata em toda a cadeia produtiva.

Os alimentos, mesmo sendo um grande produtor agrícola, o Brasil exporta boa parte de suas safras, como soja, café e milho, recebendo pagamentos em dólar. Com o aumento do valor dessa moeda, os produtores priorizam o mercado externo, reduzindo a oferta no mercado nacional. Isso faz com que os preços subam para o consumidor brasileiro. O preço do trigo, por exemplo, é cotado em dólar. Como o Brasil importa trigo para a produção de pães, massas e outros produtos, esses itens ficam mais caros.

O resultado é o aumento do custo de vida, principalmente para as classes de renda mais baixa, que gastam uma grande parte do orçamento com alimentação e transporte.

Quando o dólar sobe, viajar para o exterior torna-se um privilégio para poucos. Passagens aéreas, hospedagem, alimentação e até as compras no exterior ficam mais caras, já que grande parte dos serviços turísticos é precificada em dólar ou em moedas relacionadas, como o euro.

Além disso, serviços internacionais pagos em dólar, como Netflix, Spotify e plataformas de ensino, têm seus preços reajustados, prejudicando o orçamento familiar. Compras feitas em sites estrangeiros também se tornam menos vantajosas.

Muitas empresas brasileiras possuem dívidas em dólar. Quando a moeda americana sobe, essas dívidas aumentam significativamente, prejudicando o caixa das companhias. O resultado é uma redução nos investimentos, cortes de gastos e até demissões em setores mais afetados.

Por outro lado, o dólar alto beneficia empresas exportadoras, como as do agronegócio e as indústrias de commodities, que passam a ganhar mais reais por cada dólar exportado. No entanto, esse benefício é pontual e não compensa os impactos negativos no mercado interno.

O aumento do dólar afeta principalmente as famílias de baixa renda. Quando os preços de alimentos, combustíveis e produtos básicos sobem, essas famílias perdem ainda mais o poder de compra. Além disso, serviços como educação e saúde também encarecem, tornando-se menos acessíveis.

Enquanto as classes mais altas conseguem absorver parte dos custos, as classes menos favorecidas enfrentam dificuldades para manter um padrão mínimo de qualidade de vida

O dólar alto é um fenômeno que afeta a economia brasileira de forma ampla e complexa. Ele encarece produtos importados, pressiona a inflação, aumenta os custos de vida e reduz o poder de compra da população. Com um país tão dependente do mercado internacional, a valorização do dólar impacta diretamente o bolso dos brasileiros, especialmente os mais pobres.

 

O texto trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

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