Como os futuros do boi gordo influenciam a Minerva [BEEF3]?

Na última terça-feira (22), a Minerva [BEEF3] fechou em alta de quase 6%, com grande parte dos analistas atribuindo este desempenho à movimentação dos futuros do boi gordo. 

Apesar de terem uma relação inversamente proporcional – isto é, quando os contratos futuros do boi gordo caem, a Minerva tende a subir e vice-versa –, a alta de 1,53% da commodity no dia foi combustível para BEEF3.

Isto porque, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a média móvel segue em tendência de queda, assim como foi nas últimas cinco sessões. 

O comportamento dessa relação é explicado por Andre Fernandes, especialista em mercado de capitais. 

Segundo ele, a relação é simples: a Minerva compra o boi do produtor, processa e vende a carne; com o valor do boi gordo em queda, é esperado um custo menor para parte da operação da empresa, o que acaba melhorando suas margens operacionais.

Perspectiva para Minerva

O analista de commodities da Levante, João Abdouni, indica que o mercado “se encontra favorável” para a Minerva e outros frigoríficos que operam na América do Sul, especialmente pelos custos baixos da arroba do boi.

Andre afirma que o contrato mais líquido do boi negociado na bolsa, o BGIV23 – de vencimento em outubro – já cai em torno de 35% no ano, saindo de R$ 299,60 por arroba para R$ 199,00 por arroba. 

“Com exceção de outros custos da empresa, o custo de aquisição do boi para ela esse ano está muito barato, e a empresa está aproveitando esse momento de ciclo de baixa do boi”, afirmou.

Apesar disso, tanto João quanto Andre admitem que este mercado é cíclico e, assim como o preço da arroba do boi vem operando em queda, este valor pode subir no futuro.

Por outro lado, os analistas têm visões diferentes sobre quando isto deve acontecer.

“Nossa expectativa é de alta rentabilidade para os próximos trimestres de Minerva, o que deve representar uma sequência de bons resultados, e consequentemente pagamentos de dividendos por parte da companhia”, disse João. 

Ele também menciona que a retomada das exportações à China também influenciará positivamente para a empresa.

Já Andre acredita que o fim do ciclo de queda “não está muito longe”. Para ele, esta inversão deve começar a acontecer próxima ao fim do ano, o que impactará negativamente nos custos da Minerva. 

“Acreditamos que com o nível de abatimento de fêmeas hoje, o baixo custo para se comprar um bezerro, esse ciclo na arroba do boi deve começar a se inverter próximo do fim do ano.”

Investimentos em BEEF3

Ambos os analistas têm BEEF3 como top pick entre os pares JBS [JBSS3], Marfrig [MRFG3] e BRF [BRFS3].

Para João, a perspectiva positiva se estende a todo o setor, tanto no curto quanto no longo prazo, por conta do aumento do consumo de proteína animal, puxado pela Ásia. 

Em outra visão, Andre afirma que, mesmo com BEEF3 se destacando no momento, analistas já começaram a voltar suas atenções às concorrentes JBS e Marfrig. 

De acordo com ele, os investidores estão de olho em uma possível reversão do ciclo do boi nos EUA, o qual, no momento, encontra-se na direção inversa do brasileiro: a arroba do boi subiu e está sendo cotada em níveis históricos. 

Recomendação para BEEF3

O analista técnico da Benndorf Research Filipe Borges explica que BEEF3 encontrou resistência na região dos R$ 11,19 e que o ativo ainda não havia corrigido em retração de 50% a última movimentação de alta.

“Esse cenário muda para uma movimentação de alta, caso [o ativo] tenha um fechamento acima de R$ 11,19 com aumento de volume.”

Com isso, ele acredita que a maior probabilidade é do papel consolidar nos próximos dias, ou até mesmo corrigir na região dos R$ 10,00 – o qual pode ser uma “excelente ponto de compra” para a ação.

Neste posicionamento, o alvo ficaria na região dos R$ 14,15. 

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