A casa de research americana desenvolveu seu próprio método de investimentos e combina as análises técnica e fundamentalista
Oncoclínicas [ONCO3] e a Fleury [FLRY3] foram as duas indicações mais recentes da casa de research americana William O’Neil, que combina análise técnica e fundamentalista. É muito comum encontrar analistas de ambas as vertentes discutindo qual seria a mais eficiente, mas alguns especialistas discordam da visão maniqueísta e preferem juntar forças.
“A combinação da análise técnica e fundamentalista oferece uma abordagem mais abrangente e robusta para tomada de decisões no mercado de ações”, disse João Tonello, analista técnico e um dos apresentadores do Ação e Reação, da Nomos TV, que também mistura ambas as escolas de análise.
Em seu site, a William O’ Neil explica que seu método de análise foi construído na década de 1960 pelo fundador, William J. O’Neil, com base em estudos das ações mais lucrativas no passado. A metodologia – chamada de Metodologia O’Neil (OM) – integra as análises técnica e fundamentalista e foi uma das pioneiras neste feito.
“Usando um rigoroso processo de seleção ditado pelos critérios rígidos da OM, nossos analistas têm uma visão abrangente dos mercados globais, concentrando-se nos setores que estão ganhando força e nas ideias de ações com maior probabilidade de se beneficiar dessas tendências”, explica a casa em seu site.
Para Tonello, a combinação das duas abordagens traz ao investidor as vantagens da análise técnica em otimizar o momento das transações, ao mesmo tempo que a fundamentalista auxilia na seleção de ativos em setores robustos e com perspectivas sólidas.
As recomendações
As ações da Oncoclínicas e a Fleury não são as únicas que passaram na avaliação da Metodologia O’Neil. O TradeNews analisou as cinco ações imediatamente anteriores às duas brasileiras que a casa tem recomendação de compra, a fim de entender qual vem sendo o desempenho delas após terem passado pela análise da O’Neil.
É válido observar que, ao contrário de parte significativa das casas de research americanas, a William O’Neil não escolhe somente ativos dos Estados Unidos – na realidade, nenhum dos que serão analisados são americanos.
Além disso, observando as mais recentes recomendações da empresa, é possível enxergar sua quase óbvia preferência pelo setor de saúde, apesar de nada em seu site explicar a predileção.
Dallah Health
A William O’Neil recomendou compra para o ativo em 29 de novembro e sua análise diverge da maioria das casas e bancos, que optaram por recomendação neutra e alguns até indicando venda.
Torrent Pharma
A multinacional indiana foi fundada em 1959 e conta com subsidiárias na Alemanha, Rússia, Estados Unidos, Filipinas, Reino Unido, Canadá, além do Brasil. Por aqui, a companhia acumula 42 produtos no portfólio e se faz presente há quase 20 anos.
A Torrent é a maior empresa indiana no Brasil, Alemanha e Filipinas.
A William O’Neil passou a recomendar compra para a ação da multinacional em 14 de novembro e, desde então, a ação saltou de 2.066,00 rúpias indianas para 2.282,30, observados no fechamento desta terça-feira na bolsa de valores da Índia.
Convertido para real, este crescimento seria de R$ 119,88 para R$ 132,43.
Ao contrário da Dallah, as recomendações de outras casas e bancos para a Torrent parecem, em sua maioria, ir de acordo com o que pensa a O’Neil.

Sun Pharmaceuticals
Outra companhia que também criou raízes na América do Sul, a Sun foi fundada em 1983 em Mumbai, na Índia. No Brasil, a empresa atua na venda e distribuição de medicamentos no sistema de saúde, tendo operações nos segmentos de varejo e hospitais.
Além do Brasil e Índia, a Sun tem negócios em outros 32 países, em todos os cinco continentes.
Isso representa um aumento de R$ 68,28 para R$ 72,39, convertendo para a moeda brasileira.
Dr Lal PathLabs
A companhia também se encontra dentro do setor de saúde, mas, diferente da Torrent e da Sun, não atua com medicamentos e sim exames e diagnósticos. A empresa foi fundada em 1949 pelo doutor S. K. Lal.
Segundo o site da empresa, ela conta com mais de 250 laboratórios clínicos e está presente em 23 países.
Esta é outra recomendação de compra em que a William O’Neil “nada contracorrente”, já que a maior parte dos analistas de outros bancos e casas recomendam venda para a ação. Apesar disso, alguns players, como a divisão asiática do BNP Paribas, indicam compra.
Cipla
Mais antiga das empresas analisadas, a Cipla foi fundada em 1935, na cidade indiana de Mumbai – quando esta, oficialmente, ainda se chamava Bombaim – pelo químico indiano Khwaja Abdul Hamied. A companhia tem mais de 2000 produtos em seu catálogo, divididos em 65 categorias terapêuticas.
A Cipla tem operações no Brasil e se faz presente em todos os cinco continentes. A William O’Neil passou a recomendar compra para o ativo em 4 de agosto deste ano e parece ir de acordo com a grande maioria dos bancos.
Análise Técnica x Fundamentalista
Tonello explica que a análise técnica é o estudo e interpretação de dados históricos de preços e volume de negociações, a fim de identificar padrões e tendências no comportamento de um ativo.
Segundo ele, os especialistas utilizam gráficos e indicadores técnicos para projetar futuros movimentos de preço de ações, baseando-se em padrões passados. Esse tipo de abordagem é mais focado na tomada de decisões de curto prazo, concentrando-se no timing de compra e venda de ativos.
Já a fundamentalista representa a avaliação do valor intrínseco de uma empresa, examinando fatores econômicos, financeiros e qualitativos que podem influenciar seu desempenho na bolsa, sinaliza o analista.
“Buscamos demonstrações financeiras, indicadores econômicos, condições setoriais e a gestão da empresa para determinar se uma ação está subvalorizada ou sobrevalorizada”, indicou.
Esse tipo de análise, informa Tonello, visa investimentos a longo prazo, focando em identificar empresas com fundamentos sólidos e perspectivas de crescimento sustentável.
O especialista deixa claro que não ignora nenhuma das análises e é a favor de uma combinação equilibrada de ambas.
“A combinação das duas metodologias permite uma tomada de decisão mais informada e equilibrada, abordando tanto os aspectos de curto quanto de longo prazo, resultando em uma estratégia mais completa e propensa a alcançar melhores resultados no mercado de ações”, opinou.
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