A partir de 17 de abril, a B3 lança o contrato futuro de Bitcoin, abrindo portas para uma nova era no investimento em criptomoedas no país. Começando com uma margem mínima de R$ 100 por contrato, o investidor agora poderá se proteger da oscilação de preços do Bitcoin ou a exposição direcional ao ativo, mantendo a segurança de operar no ambiente da bolsa do Brasil.
De acordo com comunicado da Bolsa, o contrato futuro de Bitcoin utilizará o índice Nasdaq Bitcoin Reference Price (NQBTC) como referência. O valor de um contrato será o equivalente a 0,1 bitcoin, ou seja, 10% do valor da criptomoeda em reais, e o vencimento dos contratos será na última sexta-feira de cada mês.
Esse é um passo bem importante, pois permite que os investidores, seja pessoa física, jurídica ou institucional, negociem sobre a variação do preço do Bitcoin em um mercado regulado e com boa liquidez, segundo Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital.
É diferente de investir em ETFs, ele prossegue, pois mesmo nos ETFs que têm exposição a cripto, no que o Brasil é referência no mundo, o contrato permite fazer hedge, principalmente porque o Bitcoin oscila bastante.
“Imagina que você está comprado em algum ETF de Bitcoin, por exemplo, mas está num período de queda e não quer vender o seu ativo”, ele reflete. “Basta usar o contrato futuro na posição vendida para se proteger”.
Por outro lado, Nobile acredita que no primeiro momento não acontecerá uma grande adesão aos contratos futuros de Bitcoin, mas que, aos poucos, os investidores institucionais devem entrar para capturar as oscilações da criptomoeda.
O analista diz ainda que investidores de outros produtos da B3, como futuro de índice ou dólar, provavelmente não irão migrar de investimento por objetivos diferentes.
“Mas, pensando na característica do Bitcoin, acho que ele é complementar, mais uma opção para o investidor”, ressaltou.
Indo em contramão, Leandro Petrokas, diretor de research da Quantzed, espera uma forte migração, especialmente enquanto o mercado cripto estiver em um bull market, como o atual.
De acordo com o diretor, os contratos podem ser utilizados para especulação, alavancagem, hedge e arbitragem. Em caso de ineficiências, ainda que pontuais, ele destaca que atores do mercado poderão arbitrar a diferença de preços entre diferentes instrumentos – ETF x futuros ou futuros x preço spot em exchanges.
“Mas sabemos que as pessoas físicas usualmente focam em operações de curto prazo”, frisou.
No fim, a criação do contrato traz uma oportunidade de nova exposição para os operadores da B3, de acordo com a especialista em cripto Raquel Vieira. Como o mercado tradicional e o de cripto são “bem separados”, ela afirma que muitas pessoas criam uma barreira para poder migrar e operar em ambos.
“Os investidores devem apenas se atentar ao prazo de vencimento do contrato, pois, ao contrário do que é visto hoje no mercado futuro perpétuo de criptomoedas, no qual não há vencimento ativo, esse terá liquidação mensal”, explicou.
E o daytrade com isso?
O maior desafio para o contrato de Bitcoin na B3 é a liquidez e spread nos movimentos, segundo o analista João Tonello.
O analista afirma estar curioso para ver na prática como o contrato irá se mover, e aposta em uma volatilidade maior em relação a contratos como S&P 500, índice e dólar, mas espera que o spread nos movimentos não prejudique as posições.
“Precisaremos ver na prática como vai funcionar para utilizarmos como novo contrato favorito de daytrade”, ressaltou.
Para Tonello, os traders de criptomoedas devem ter baixa adesão aos contratos futuros de Bitcoin na B3, pois o investidor deste segmento procura hold no ativo e posições mais longas, com seu dinheiro em DEX.
Já para investidores de outros produtos da B3, como futuros de índice ou dólar, o analista espera uma boa adesão, porque, nesse caso, não há concorrência com o holder de Bitcoin que possui cripto em sua hardwallet.
A concorrência real nesse caso, ele prossegue, é contra o índice e o dólar, o qual o último ativo bateu recorde de menor volatilidade dos últimos 10 anos.
“Então, há grande chance do investidor especulativo procurar volatilidade para a obtenção de lucros”, concluiu.
A confirmação da data de lançamento está sujeita à aprovação, pela CVM, de um manual operacional da B3 com regras relacionadas ao contrato.
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