O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa de juros do Brasil em 0,5 ponto percentual na noite desta quarta-feira (21). Sendo assim, a taxa Selic passa de 13,25% para 12,75%.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, informou o comunicado do BC.
O mercado vinha trabalhando com a possibilidade de queda de 0,75 p.p na última reunião, o que não aconteceu.
Ainda assim, o Copom adotou uma postura hawkish, deixando clara a contratação de mais duas quedas de 0,5 p.p ainda esse ano, eliminando totalmente a possibilidade de uma possível aceleração da queda em 2023.
Mesmo com uma maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado, o Copom segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres.
Como projetado, aconteceu uma elevação da inflação ao consumidor acumulada nos últimos doze. Já a inflação subjacente apresentou queda, mas ainda está acima da meta.
No geral, o BC não alterou em nada a visualização e a percepção que tem do Brasil no atual momento, analisa Rodrigo Correa, estrategista-chefe da Nomos.
Ele diz que o que mudou foi a percepção do cenário global, que “indica mais incerteza baseado em dois fatores: aumento da taxa de juros longa nos Estados Unidos e o crescimento chinês, que vem decepcionando”, argumenta.
Um ponto destaque do texto é a preocupação com o fiscal, que não tinha sido mencionado no comunicado anterior, demonstrando como esse aspecto pode impactar na ancoragem das expectativas inflacionárias.
Esse foi um comunicado duro em relação à inflação, ao cenário fiscal, à resiliência da atividade e ao cenário externo, de acordo com Ricardo Jorge, especialista de Renda Fixa e sócio da Quantzed.
“Com certeza, o texto irá redirecionar os mercados amanhã para uma nova reprecificação dos ativos, dado que a curva de juros tende a precificar uma intensidade menor dos cortes da Selic daqui para frente”, afirma o especialista.
O Copom ressalta que a conjuntura atual demanda serenidade e moderação com relação ao processo de flexibilização monetária, indicando que o comitê será cauteloso com relação a esse ritmo de corte da taxa de juros.
Caso confirmado o cenário esperado, os membros do Comitê preveem redução da taxa nas próximas reuniões, e avaliam que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
Diante da nova Selic, Rodrigo Correa reitera visão positiva para investimento em ativos de risco no Brasil, principalmente ações e fundos imobiliários. Na renda fixa, ele sugere “um portfólio mais equilibrado entre os três indexadores”.