O Copom optou por realizar mais um corte de 0,5 p.p. na taxa de juros básica da economia, levando a mesma para 10,75%, movimento que já tinha sido sinalizado pelo comitê e era amplamente esperado pelo mercado.
No comunicado, a autoridade monetária seguiu com a mesma visão das últimas reuniões e voltou a citar um cenário interno de desaceleração econômica e trajetória de desinflação e a necessidade de cautela dos países emergentes em meio a uma conjuntura externa ainda volátil à medida que os debates sobre o início dos ciclos de cortes de juros avançam nas principais economias e há dúvidas sobre a velocidade com que se observará a queda na inflação de forma sustentada em diversos países.
No mais, o Copom ressaltou que ainda existem fatores de risco em ambas as direções em seus cenários para a inflação. Entre os riscos de alta destacam-se: uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.
Entre os riscos de baixa, ressaltam-se uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
O principal ponto de atenção desse comunicado foi o fato de que os membros do Comitê passaram a antever uma redução de mesma magnitude apenas na próxima reunião e não mais nas próximas reuniões, como vinha sendo escrito anteriormente, sinalizando um posicionamento mais cauteloso do órgão em meio ao aumento da incerteza.
De acordo com o próprio Copom, não houve nenhuma alteração substancial em seu cenário-base, mas mesmo assim a autoridade optou por indicar um comportamento mais cuidadoso para as próximas reuniões, algo que parece estar mais relacionado aos riscos externos do que internos à medida que as curvas de juros futuros e os dados de inflação dos Estados Unidos preocuparam nas últimas semanas e há bastante incerteza sobre o processo desinflacionário americano.
De todo modo, mantemos a expectativa de juros de 9% ao final do ano e uma consequente melhora do cenário doméstico, especialmente nos segmentos mais elásticos aos juros, como consumo discricionário e produção de bens duráveis e bens de capital.
Ao mesmo tempo, reiteramos que a questão fiscal pode ser um obstáculo à condução da política monetária caso não seja administrada e o risco internacional permanecerá mais alto enquanto não houver dados mais claros de que a inflação americana segue rumo à meta.