O Credit Suisse e uma ex-funcionária foram declarados culpados nesta segunda-feira (27) pela corte criminal federal da Suíça, por colaborarem com uma rede criminosa da Bulgária na lavagem de dinheiro relacionado a tráfico de cocaína.
O tribunal considerou que o Credit Suisse não fez o suficiente para prevenir a lavagem de dinheiro por membros da aliança criminosa, que, de acordo com os promotores, transportou toneladas de cocaína para a Europa e lavou milhões de dólares através do Credit Suisse. A corte multou o segundo maior banco da Suíça em torno de 2 milhões de francos suíços e ordenou o confisco dos mais de 12 milhões de francos que a aliança criminosa detinha em contas no Credit Suisse. O banco também deverá resignar mais de 19 milhões de francos – montante que não poderia ser confiscado por conta de deficiências internas do Credit Suisse.
A ex-funcionária foi condenada por lavagem de dinheiro no julgamento, que incluiu testemunhos de assassinatos e dinheiro enfiado em malas, é visto como um teste para promotores que adotam uma linha mais dura contra os bancos do país. A corte determinou pena suspensa de 20 meses de prisão e multa por lavagem de dinheiro à ex-funcionária, que não pode ser identificada, de acordo com as leis suíças de proteção à privacidade.
Uma pessoa de outro banco e dois membros da rede criminosa também foram declarados culpados por acusações de lavagem de dinheiro.
Tanto o Credit Suisse quanto a ex-funcionária negaram infrações.
O Credit Suisse afirmou que vai recorrer da decisão. O banco observou que os supostos delitos datam de mais de 14 anos atrás, e disse que ficou atônito ao ser acusado quando promotores levantaram o caso em dezembro de 2020. Nesta segunda-feira (27), o banco afirmou que testa continuamente sua estrutura anti-lavagem de dinheiro e que a tem fortalecido ao longo do tempo.
O advogado da ex-funcionária alegou que ela não foi suficientemente treinada pelo banco, e que vai recorrer.
A corte disse que o Credit Suisse possibilitou à aliança criminosa lavar dinheiro através do banco entre julho de 20017 e dezembro de 2008 na monitoração adequada de suas cotas e certificando o cumprimento das regras de combate à lavagem de dinheiro. A rede supostamente recrutou um lutador búlgaro e outros em sua órbita para operações de transporte de drogas e lavagem de dinheiro.
O Credit Suisse argumentou que os promotores estavam alegando deficiências com base em regras e princípios que não se aplicavam na época. Ele disse anteriormente que advogados e consultores externos revisaram seus sistemas contra a lavagem de dinheiro e descobriram que sua configuração organizacional era “correta e apropriada” no período investigado. Os promotores inicialmente acusaram o banco de deficiências entre 2004 e 2008, mas tiveram que reduzir o prazo porque muito tempo havia se passado.
A condenação atinge o Credit Suisse ao mesmo tempo em que ele tenta reverter perdas financeiras e outros escândalos, incluindo mais de US$ 5 bilhões em perdas relacionadas ao colapso do escritório familiar Archegos Capital Management.
Na próxima terça-feira (28), o Credit Suisse vai atualizar investidores sobre planos para cortar custos este ano, a fim de ajudar a compensar a queda na receita em algumas divisões. A empresa disse anteriormente que espera registrar o terceiro prejuízo trimestral consecutivo no trimestre encerrado em 30 de junho.
(Com Reuters e Wall Street Journal)