Crise fiscal e tensão política elevam riscos para o governo Lula

Por Caroline Galdino, Equipe TradeNews

 

O governo Lula enfrenta um ambiente político e econômico mais adverso, marcado pela derrota no Congresso e pela resiliência do bolsonarismo. A derrubada dos decretos que aumentavam o IOF aprofundou a crise fiscal, com perda estimada de R$ 27 bilhões, e evidenciou a fragilidade da base governista. Em resposta, o Executivo busca alternativas como a ampliação do uso do Fundo Social e a realização de leilões do pré-sal, que podem gerar receitas entre R$ 15 bilhões e R$ 30 bilhões.

No cenário político, pesquisas mostram que o bolsonarismo segue como uma força central da direita, mantendo entre 20% e 30% do eleitorado no primeiro turno. Jair e Michelle Bolsonaro são os únicos nomes do grupo capazes de superar esse patamar em cenários mais competitivos. A força do ex-presidente segue sendo um ativo indispensável para qualquer candidatura da oposição em 2026.

Mesmo potenciais sucessores, como o governador Tarcísio de Freitas, dependem do apoio explícito de Bolsonaro e enfrentam o desafio de conciliar a base ideológica mais radical com uma imagem moderada perante o mercado. O caso do prefeito Ricardo Nunes, enfraquecido pela ambiguidade em relação ao bolsonarismo, exemplifica os riscos dessa estratégia.

No Congresso, a relação com o governo é predominantemente negativa. Pesquisa da Quaest revela que a maioria dos deputados vê com desconfiança a articulação política do Executivo, criticando a falta de diálogo e a baixa eficácia em atender demandas parlamentares. Mesmo mudanças recentes, como a nomeação de Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais, não alteraram significativamente essa percepção.

Externamente, o Brasil enfrenta tensões com os Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar tarifas entre 25% e 40% contra países emergentes, incluindo membros do BRICS. Durante a cúpula do bloco no Rio de Janeiro, Lula adotou um tom mais duro e defendeu a autonomia do BRICS frente à pressão norte-americana, o que aumentou a incerteza diplomática e comercial. Internamente, o Planalto vê no embate com Trump uma oportunidade política, aproveitando a retórica de soberania nacional como contraponto à aproximação entre Trump e Bolsonaro.

No campo econômico, os sinais são de desaceleração. O superávit comercial projetado para 2025 caiu para US$ 73,6 bilhões, refletindo quedas nas exportações de petróleo, minério e celulose. O varejo e a indústria também perderam fôlego, sugerindo um cenário interno menos dinâmico e elevando os desafios fiscais do governo no segundo semestre.

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