A CVC [CVCB3] teve o segundo pior desempenho do Ibovespa nesta segunda-feira (06), amargando queda de 7,69%, enquanto o índice teve avanço modesto de 0,23%. A companhia reportou seu balanço trimestral na última sexta-feira (03), registrando aumento de 16,6% do prejuízo líquido na comparação anual entre trimestres, passando de R$ 75 milhões no terceiro trimestre de 2022 para R$ 87,5 milhões no mesmo período em 2023.
Segundo Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, outro ponto que pode ter desagradado o mercado foi o aumento do capital de giro – ou seja, a quantidade de dinheiro necessária para a empresa funcionar.
O valor do indicador deu um salto de R$ 90,2 milhões no terceiro trimestre de 2022 para R$ 510,7 milhões no 3T23.
Por outro lado, a própria empresa sinalizou em seu release financeiro que este aumento foi causado por dois fatores, sendo o primeiro a redução do saldo aberto de recebíveis de cartão de crédito – isto é, o total do valor adiantado que a companhia tinha a receber de pagamentos feitos neste tipo de pagamento –, por conta da melhoria da estrutura de capital por conta do follow-on realizado pela companhia em junho.
A segunda razão seria o aumento de R$ 425,3 milhões no saldo da conta “contas a receber de clientes”.
“Foi uma estratégia que a companhia tomou na verdade para melhorar os resultados de lucro para esse trimestre [e] para os próximos”, declarou Galindo. “Na minha opinião, […] foi uma estratégia acertada.”
Outro fator positivo na visão de Galindo foi o aumento de 1,6 p.p. no take rate da CVC, o que, segundo a companhia, impulsionou o crescimento da receita líquida em 11,3%. O take rate se trata das taxas e comissões cobradas por marketplaces – como a Amazon [AMZO34], Mercado Livre [MELI34] e a própria CVC – nas transações feitas por terceiros que não a companhia.
Para o especialista, é preciso olhar o contexto para além das questões fundamentalistas. O analista técnico Filipe Borges indica que a companhia teve um bom movimento de alta nas últimas semanas, alcançando os R$ 3,25. O próprio analista já havia externado ao TradeNews em outubro suas expectativas para um avanço no ativo.
“Mas a gente nota que já tem uma entrada de fluxo vendedor bem interessante nessa região dos R$ 3,25 a R$ 3,00, isso porque, se a gente olhar o gráfico semanal, ou seja aumentar o tempo gráfico, o ativo está em região de retração”, contrapôs.
Olhando para esses fatores, o analista não enxerga oportunidades de compra em CVCB3 no momento, optando por aguardar um fechamento abaixo de R$ 2,65 ou que a ação pare de renovar topos no gráfico diário e comece a renovar fundos a fim de iniciar uma operação de vendas no ativo.
Nesta operação de venda, o analista indica o primeiro alvo mínimo na região dos R$ 2,15. Caso perdido, Filipe enxerga alvos para CVCB3 na região entre R$ 1,50 e R$ 1,30. “Mas, no momento, [não enxergo] nenhuma operação. Se eu estivesse comprado nesse ativo, deixaria o stop abaixo de R$ 2,90”, concluiu.
Outros aspectos
Um dos pontos que grande parte do mercado especulou que poderia impactar positivamente nos resultados de CVC foi os casos do Hurb e 123Milhas. No entanto, em sua teleconferência de resultados, a empresa comentou que o aumento de vendas relacionado aos foi marginal.
Entretanto, a própria companhia indicou que a saída de cena dos dois players pode trazer uma melhora no ambiente competitivo do setor.