O ressurgimento da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) voltou ao noticiário em 2024. E, se está correta a afirmação de Edmund Burke de que “um povo que não conhece a própria história está fadado a repeti-la”, vem em boa hora o novo livro de Carlos Cova.
“Pulsão do mercado: uma história da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro” é o fruto da jornada do professor por um Rio que começou na chegada da família real portuguesa e terminou no final do século XX. Apesar de distante dos teoremas e cálculos característicos de sua jornada acadêmica, Cova não vê como estudar nenhum ramo do conhecimento sem mergulhar nos meandros da História.
Com quatro graduações e um mestrado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), além de um doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele tem para si que o conhecimento precisa ser incorporado ao acervo individual a partir de uma perspectiva epistemológica, da percepção de como determinado conhecimento foi construído.
E é fácil ter a curiosidade atiçada quando se anda pelo Centro da capital fluminense, algo inerente à vida acadêmica do autor. Cova mencionou a igreja da Candelária, a Casa França Brasil – palco da primeira bolsa de valores do país – e a antiga Rua Direita em conversa durante o evento oficial de lançamento do livro, realizado na última quinta-feira (05).
“Em um raio de 600 metros desse entorno, tem muita riqueza histórica, ao mesmo tempo que não existe memória, a memória se apagou”, lamentou o autor referindo-se ao Centro de Convenções Bolsa do Rio, local do lançamento do livro e também a sombra do que um dia foi a BVRJ do século passado.
No processo de escrita do livro, Cova visitou cada prédio na área da Praça XV, para ver por conta própria o completo apagamento da história da cidade no imaginário coletivo. “Ninguém sabe nada do que aconteceu aqui”, relata.
O antigo prédio da Bolsa carioca já teve um centro de memória, mas hoje só restou o nome do agora centro de convenções como referência ao que um dia o local já foi. Escrever o livro foi tanto um garimpo quanto uma missão de resgate do passado esquecido.
“A história da Bolsa do Rio de Janeiro é, sobretudo, a história de algo que tinha tudo para ser um catalisador, para alavancar o potencial econômico do Estado, que saia do país”, aprofunda Cova. Ele não vê a importância de uma bolsa de valores apenas enquanto estrutura física, mas sim como “um espaço de interação humana”.
Apesar do pregão eletrônico ser o padrão já há uns bons anos, o autor ressalta o papel que a sede física de uma bolsa tem enquanto fomentadora de manifestações de conhecimento, de palestras a programas mais intensivos de educação.
É a tal papel social, aliás, que ele condiciona o sucesso de uma nova Bolsa do Rio de Janeiro, como Carlos Cova já comentou ao TradeNews. Apesar de não ser novidade a ideia de trazer de novo um centro de negociações para o estado, apenas quem souber aproveitar os aspectos político, institucional, histórico e social do empreendimento terá sucesso.
A antiga bolsa carioca já teve um início, apogeu e derrocada. Para a nova, “o potencial existe, é enorme, mas está faltando ainda um pouco de visão política, institucional e empresarial.”
A BOLSA DO RIO DE JANEIRO VAI VOLTAR.
Acabei de encaminhar à Câmara de vereadores o Projeto de Lei que cria as condições para que tenhamos mais uma Bolsa de Valores no Brasil, o que é sempre uma saudável competição para quem defende o livre mercado.
É mais que trabalho! É amor… pic.twitter.com/OIqsm9Xh8S— Eduardo Paes (@eduardopaes) June 6, 2024