De onde saiu um IPCA-15 tão baixo?

por Beto Saadia

 

O indicador surpreendeu e ficou muito abaixo das expectativas. Mostra, de toda forma, que a deflação na divulgação anterior do IPCA fechado referente ao mês de agosto foi pontual, como já prevíamos.

No conjunto de preços livres, os alimentos que vinham de sucessivas deflações abandonaram essa tendência por conta das queimadas e do clima adverso. A alta nos preços livres (0,12%), porém, foi menor que o esperado, de 0,32%.

Nos administrados, há desaceleração, mas ela deveria ser maior por conta da queda no preço da gasolina e do gás de cozinha. A alta na energia elétrica, operando no patamar tarifário de bandeira vermelha, azedou o conjunto de administrados, porém deve impactar com mais relevância o IPCA cheio de agosto. A alta nos administrados veio mais em linha com o esperado, registrando 0,16% contra o esperado de 0,19%.

O preço dos serviços surpreendeu para baixo em relação à expectativa e o mercado vai reagir bem. Hoje, esse conjunto é o que mais preocupa o Banco Central, pois é reflexo do “hiato positivo” tantas vezes mencionado no comunicado e na Ata do Banco Central. O crescimento da atividade, a renda real subindo, o crédito forte e o desemprego baixo pressionam os serviços.

É necessário mais dados de serviços para concluirmos que se trata de uma tendência. De toda forma, o mercado vai ajustar a expectativa de uma alta de 50 pontos na próxima reunião para uma alta mais tímida de 25 pontos. 

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