Desvalorização do Inter [INBR32] ante oferta: sinal de venda ou oportunidade?

Foi em julho de 2022 que o Banco Inter concluiu sua reestruturação societária com migração das ações para a Nasdaq – a primeira companhia da B3 a conseguir tal feito. Um ano e meio depois, o agora Inter&Co. (devidamente americanizado) repercute a precificação de uma oferta subsequente em Wall Street. 

A companhia precificou nesta quinta-feira (18) as ações do follow-on, anunciado na terça (16), a US$ 4,40. A oferta terá a emissão de 32 milhões de ações ordinárias Classe A, com possibilidade de alocação adicional de até 4,8 milhões. 

As ações do Inter [INTR] fecharam com 1,76% na Nasdaq, a US$ 4,46, enquanto as BDRs [INBR32] caíram 3,5%, a R$ 22,12.

Max Bohm, estrategista de investimentos da Nomos, considera a desvalorização de hoje uma oportunidade de compra. Apontando a relação preço/valor patrimonial (P/VP) da companhia, ele considera o ativo barato, “muito mais barato que o Nubank [ROXO34], por exemplo, que negocia a sete vezes seu valor de mercado”. 

O valor de mercado do Inter hoje é US$ 1,8 bilhões, menos de R$ 10 bilhões. 

Em concordância, a Levante Corp. menciona a valorização acumulada de 113,7% de INTR nos últimos 12 meses. O número reflete “resultados crescentes de acordo com as divulgações de resultados ao longo de 2023, com crescimento em base de clientes, expansão do portfólio de produtos e serviços, além de um início de melhora na rentabilidade da operação”.

A recomendação é de compra para Banco Inter, com preço-alvo de US$ 5,40 para INTR e R$ 33,00 para INBR32.

Mas e a oferta, é boa ou não? 

Para o Citi, a oferta do Inter&Co. é “complicada”. O banco americano vê o potencial aumento de liquidez como positivo, assim como os resultados preliminares do quarto trimestre de 2023. Todavia, “mais capital neste momento não ajuda” e traria uma diluição acionária entre 7% a 8%.

“Embora o aumento da liquidez e o quarto trimestre de 2023 mais fortes sejam positivos, vemos uma maior distribuição do excesso de capital do Inter como um dos principais impulsionadores da expansão do retorno sobre o capital (ROE)”, comentaram os analistas Rafael Frade, Brian Flores, José Luis Cuenca, e Gabriel Gusan em relatório.

O Citi considera também que o principal objetivo da oferta do Inter é aumentar a liquidez das ações listadas nos EUA, a qual tem sido muito baixa desde a listagem do banco na Nasdaq, com a maior parte da liquidez concentrada no Brasil.

Já para a Levante, a oferta reflete a busca do Inter por recursos para investimentos corporativos gerais. “O desempenho financeiro sólido percebido ao longo de 2023, a presença em múltiplos mercados e o apoio de coordenadores renomados indicam confiança no potencial de captação de recursos, que entendemos que seja o cenário base para esta oferta, considerando que o Inter segue negociando a múltiplos menos esticados que seu principal concorrente no universo dos bancos digitais”, disseram os analistas da casa em nota.

A casa de research brasileira também cita os resultados preliminares, não auditados, do quarto trimestre, nos quais o Inter deu um guidance “detalhado” ao mercado. Os números instigam projeção de um crescimento anual expressivo nas principais linhas do balanço, acrescenta a Levante.

Segundo o Inter, o número de clientes deve ficar entre 16,3 milhões e 16,5 milhões no quarto trimestre de 2023, representando um crescimento anual de 29,3% a 31,1%. O lucro deve atingir o range entre R$150 milhões e R$155 milhões, alta de 420,6% a 438,0%.

Quanto à oferta subsequente, esta se encontra sujeita a diversas condições de mercado, e não há garantias quanto à conclusão. “O desempenho das ações no curto prazo pode ser influenciado por fatores externos e volatilidade do mercado, condições que entendemos serem naturais neste primeiro mês de 2024”, finalizou a Levante.

Sair da versão mobile