Nas últimas semanas de abril, o preço do açúcar chegou ao maior patamar em 11 anos, com preço a US$ 0,25 por libra-peso, o que acabou pondo em dúvida o futuro da commodity e dos papéis ligados a ela – no Brasil, a seleção é composta pelas ações da Raízen [RAIZ4], Jalles Machado [JALL3] e São Martinho [SMTO3].
No entanto, a turbulência pode ser momentânea, de acordo com Matheus de Moraes, analista de Agro da Eleven Financial.
Ele aponta que a elevação do preço pode ser atribuída a uma safra pontual que veio abaixo das expectativas na Índia, Tailândia e China – três maiores produtoras de açúcar da Ásia.
Já o analista da Benndorf Research, Júlio Borba, tem expectativas mais pessimistas, de que o preço da commodity não deve baixar nem tão cedo. Ele atribui isso à pouca oferta adicional de açúcar disponível no mundo, a custos baixos.
Exportador nº 1 em perigo?
Recentemente, no Brasil, foi divulgado que o país poderia começar a sofrer com gargalos logísticos, uma vez que o transporte de açúcar começará a competir com o escoamento das safras recordes de soja e milho.
Os dois analistas consultados possuem visões bem diferentes sobre como isso pode impactar financeiramente os três principais papéis ligados ao açúcar no Brasil: São Martinho (SMTO3), SMTO3 (São Martinho) e JALL3 (Jalles Machado).
Para Júlio, é comum que o ritmo de exportação não consiga acompanhar o de produção, já que o consumo também cresce e acaba “retirando uma fatia da oferta adicional brasileira que poderia ser exportada”.
Segundo ele, isso só reforça os fundamentos do açúcar no mundo, aumentando os preços e auxiliando nos resultados das empresas sucroalcooleiras.
Agora, para Matheus, a situação pode acabar afetando, principalmente, a São Martinho. Isso aconteceria pelo fato dela ter mais de 90% de sua produção destinada ao mercado externo, tendo maior exposição.
A Raízen também seria impactada negativamente, por ser a maior exportadora individual de açúcar no Brasil. Apesar disso, o analista explica que a companhia não seria tão afetada quanto São Martinho por ter “outras linhas de receita que podem amenizar o efeito”.
Para a Jalles Machado, o impacto seria mínimo, pois “somente” 12% de sua receita é relacionada à exportação, sendo majoritariamente de açúcar orgânico, o qual tem uma maior margem em comparação ao açúcar cotado em bolsa.
Recomendações
SÃO MARTINHO [SMTO3]
Tanto Matheus de Moraes, analista da Eleven, quanto Júlio Borba, da Benndorf, apontam recomendação neutra para SMTO3.
Júlio reforçou que a Benndorf está revisando o modelo da empresa, a fim de incorporar premissas mais recentes, tendo uma visão mais positiva.
JALLES MACHADO [JALL3]
Ambos apontam recomendação de compra para JALL3.
RAÍZEN [RAIZ4]
Para Matheus, a recomendação de RAIZ4 é neutra.
Júlio afirmou que o papel da empresa entrará em breve na cobertura da Benndorf, “provavelmente com recomendação de compra”.