O dólar superou a casa dos R$ 5,10, fechando em alta de 1,73%, à R$ 5,15, na sessão da última terça-feira (03). Apesar de alguns especialistas avaliarem o crescimento do câmbio como pontual e projetarem que a moeda deve voltar a cair, outros não estão tão otimistas.
João Tonello, analista técnico da Benndorf Research, indica que a divisa americana deve permanecer acima dos R$ 5,08 em outubro e novembro, permanecendo forte durante ambos meses. “A movimentação do mercado agora será acompanhar os resultados de dados inflacionários dos EUA assim como vagas de emprego”, frisou.
A projeção de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos acabou estressando os juros futuros (DI) brasileiros, o que, por sua vez, acabou depreciando a moeda brasileira em relação à americana.
“Pois, não há o que falar em aumento de ritmo de diminuição de juros dentro do Brasil, economia mais fraca, se os EUA, economia mais forte e com moeda mais forte, mostra uma taxa de juros na casa de 6% ou 6,5% no futuro.”
Para o analista, chegou a hora de papéis como IVVB11 – fundo de índice (ETF) que replica a performance do S&P500, em reais – e de Klabin [KLBN11] – a qual, por ser uma grande exportadora, acaba se beneficiando da alta do dólar.
O primeiro ativo, de acordo com o especialista, tem sua tese de compras fortalecida pelo fato do índice de referência, o S&P500, estar acima da média móvel aritmética de 200 períodos.
Momento macro favorável ao dólar
“Estamos preparados para subir juros mais, se preciso”, afirmou Jerome Powell – presidente do Federal Reserve (Fed) – logo após a decisão do Federal Open Market Committee (Fomc) de manter a taxa básica americana no mesmo intervalo, entre 5,25% e 5,50%.
A pequena frase de Powell foi o suficiente para derrubar os mercados ao redor do mundo, incluindo o brasileiro, indicou Tonello. Isso acabou também gerou um peso no DI, influenciando no desempenho do real em relação ao dólar.
Somado a isso, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central apontou a manutenção do ritmo de corte de 0,50 p.p. nos juros brasileiros para o resto do ano, limando as chances de uma aceleração nas quedas, citando a desaceleração estrutural na China e reavaliações pontuais sobre o caso norte-americano.
“Tudo isso, fez o DI de 2026 subir 9,15% de 20 de setembro até as 18h do dia 02 de outubro. Com isso, o dólar, que é diretamente proporcional ao DI, entrou em uma aceleração interessante com alvo na região de R$ 5,17.”
Além disso, a dirigente do Fed Loretta Mester voltou a citar o medo quanto à inflação e disse que pode haver outra lata de 0,25 p.p. em 2023, o que, segundo Tonello, deixou o mercado ainda mais cauteloso, acelerando ainda mais os juros no Brasil e EUA.
Quanto a um alívio no preço do dólar, o analista indicou que isso só deve acontecer a partir de uma queda no valor do petróleo, seguido de arrefecimento no mercado de trabalho americano e desaceleração no núcleo da inflação.
“Só assim veremos dólar perder novamente os R$5,00”, concluiu.