O dólar caiu a R$ 4,80 no pregão de ontem (14), no menor nível desde junho de 2022. Só no mês, a moeda acumula queda de mais de 5%.
Essas baixas acabam alertando o mercado em relação aos ativos ligados ao câmbio, como os de papel e celulose. Investidores entram em dúvida sobre o que fazer com os papéis diante desta perspectiva.
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, acredita que as ações de Irani [RANI3], Suzano [SUZB3] e as units da Klabin [KLBN11] devem cair por conta do cenário atual do dólar.
Entretanto, Eduardo Rahal, analista da Levante Investimentos, apontou que os três ativos têm saldo positivo no Ibovespa nos últimos 30 dias.
Além disso, Felipe Ruppenthal, analista da Eleven Financial, não projeta uma queda mais acentuada do dólar.
O analista disse que a Suzano é a mais afetada, por ser majoritariamente exportadora, tornando-se natural a volatilidade em relação ao câmbio, mas que a moeda não deve cair tanto e, por isso, reafirmou sua recomendação de compra para SUZB3.
Ele também indica compra para os outros dois ativos relacionados ao papel e à celulose, com destaque para Irani.
A companhia não tem tanta exposição à celulose, cujo cenário é de queda/estabilidade por conta de uma grande quantidade de capacidade entrando no mercado a partir dos próximos anos.
Então, ele aponta que RANI3 deve ter menor volatilidade e maior oportunidade de absorver a melhora no mercado interno, com a projeção de queda de juros à frente.
Já Eduardo tem a Suzano como seu top pick do setor. Ele também recomenda compra para as outras duas ações, assinalando Klabin como uma boa alternativa para compor uma carteira de dividendos e Irani para carteiras com maior foco em Small Caps.
Mesmo setor, diferentes empresas
“Apesar de negócios correlatos, cada empresa tem suas especialidades”, afirmou Eduardo.
As diferenças nos modelos de negócio da Irani, Suzano e Klabin são bem evidentes.
De acordo com Felipe, Irani tem a venda de papelão ondulado (em conjunto com os papéis usados em sua fabricação) como principal fator em sua receita, a qual vem 80% do mercado interno.
Ricardo ressaltou que a empresa é focada em grandes clientes. Felipe destacou que esses clientes vêm principalmente do ramo alimentício.
Já a Suzano é a líder global do mercado de celulose, com uma produção anual de 10,5 milhões de toneladas e o especialista da Levante esclareceu que esse número pode chegar a 12,5 milhões em 2025. A companhia foca em celulose de fibra curta e tem a China como principal destino para suas vendas, segundo Felipe.
A Klabin é um meio termo entre as duas. A companhia se destaca por ter outras vertentes, afirma Ricardo.
Felipe ainda apontou que a companhia atua na produção de celulose de mercado, embalagens e papel para embalagens, equilibrando sua receita entre exportação e mercado interno.
“A Klabin tem o modelo de negócio mais integrado das três; suas receitas vêm 40% das exportações majoritariamente de celulose branqueada, e 60% de papel, embalagens de papelão, fluff, e produtos industrializados derivados da celulose”, completou Eduardo.