A mediana do mercado é de 65% de chance de os Estados Unidos entrarem em uma recessão em 2023, o que tornará o cenário “muito desafiador” no mercado de ações, segundo Marcus Vinicius Leoncio, assessor da Mesa Private da BRA BS/. Enquanto isso, no mercado americano de renda fixa, é “hora de aproveitar as oportunidades, já que não é comum encontrarmos taxas tão atrativas como temos atualmente”.
Já os ativos indexados à inflação brasileira têm boas perspectivas em 2023, segundo Beto Saadia, planejador financeiro e especialista em alocação e fundos de investimentos da BRA BS/, por serem um tipo de título que tende a se valorizar quando há manutenção ou queda da taxa de juros. “E é exatamente isso que a gente está prevendo que aconteça no ano que vem. Isso é muito positivo.”
O que esperar de 2023?
O próximo ano não deve ser lucrativo para investimentos dolarizados devido à expectativa de recessão na maior economia do mundo – e também na Europa, de acordo com Beto. Segundo ele, investidores temem os impactos dos aumentos na taxa de juros, que já podem ser percebidos no setor imobiliário americano.
Para renda variável, empresas grandes e mais relacionadas à economia real podem ser as melhores escolhas para enfrentar esse período adverso, afirma o assessor. Na renda fixa, os bonds estão entre os ativos mais procurados pelos investidores globais neste momento.
Por aqui, a expectativa para investimentos indexados pela inflação “ainda é boa”, pondera Marcus, em função do cenário incerto, “com os riscos fiscais cada vez mais altos e um mercado apostando em uma possível recessão [nos EUA] no ano que vem.”
Dólar vs inflação
A partir da análise das perspectivas para ambos, Beto acredita que investir em indexadores de inflação é a melhor alternativa.
Há dois principais critérios para a escolha. O primeiro é o fluxo estrangeiro relevante, que pode fazer com que o real se valorize frente ao dólar. O segundo, é a disponibilidade de algumas opções interessantes, como NTN-B (sigla para Nota do Tesouro Nacional tipo B), CDBs e debêntures, “principalmente as debêntures incentivadas, que são as isentas de imposto de renda”, mesmo com o risco maior.
Ambos concordam que o maior percentual deve estar alocado em renda fixa brasileira. Ano que vem, “investimentos mais conservadores tendem a oferecer um retorno melhor”, diz Marcus. Beto reforça, contudo, que tal indicação independe do que se espera para o futuro.
Caso o investidor queira uma posição dolarizada, o planejador financeiro afirma que o posicionamento deve ser realizado em uma parte muito pequena do percentual, devido à convivência do investidor com as taxas de juros do Brasil, que são uma das mais altas do mundo.
“É muito confortável e muito mais rentável como brasileiro ter dinheiro no Brasil, porque você convive com taxas de juros que chegam a mais ou menos 14% ao ano. Pode ser muito bom ter investimentos em dólar, mas mal ou bem a gente tem que lembrar que os EUA têm uma taxa de juros que gira em torno de 4,5%, o que é abaixo da nossa inflação aqui. Logo, a pessoa que investe no exterior tem chances muito grandes de ter uma rentabilidade muito abaixo da inflação brasileira.”