É o fim da Era Marvel?

Fonte: GamerFocus

Últimas produções do estúdio mais lucrativo da Disney desapontaram e fãs se perguntam qual será o próximo passo

Nos últimos 15 anos, filmes da Marvel foram sinônimo de sucesso de bilheteria. Hoje em dia, as coisas parecem estar mudando. 

“The Marvels” (2023), a mais nova produção do estúdio lançada no último dia 9, amargou o pior fim de semana de abertura de um longa do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), vendendo US$ 47 milhões em ingressos na América do Norte. 

Iman Vellani, Brie Larson e Teyonah Parris em “The Marvels”

Em comparação, o último hit do estúdio, “Thor: Amor e Trovão” (2022), abriu o primeiro fim de semana no mercado americano com US$ 143 milhões em bilheteria. É da Marvel Studios também a segunda maior bilheteria de todos os tempos, “Vingadores: Ultimato” (2019). 

O filme, que encerrou a chamada terceira fase do UCM e marcou a despedida de diversos atores dos conhecidos como Robert Downey Jr. e Chris Evans, fez mais de US$ 350 milhões em seu fim de semana de estreia. 

O longa parece também marcar o início de um grande problema para o estúdio mais lucrativo da Disney: o que fazer agora que nossos principais rostos foram embora?

Não somente os atores, mas os principais super-heróis da Marvel se despediram – ou pelo menos saíram de cena por ora  – após “Ultimato”. 

“Acho que com ‘Ultimato’ um ciclo da Marvel se fechou, diminuindo bastante o meu interesse nas produções posteriores”, afirmou Iury Machado. O estudante de Jornalismo assina o serviço de streaming da controladora do estúdio, o Disney+, mas diz não estar interessado nos atuais  longas da Marvel. 

Atores na premiere mundial de “Avengers: Endgame”. [Fonte: Variety]
Outro problema para o estúdio – e para outras produções da Disney, em geral – é a quantidade de filmes e agora séries lançados por ano, o que foi mencionado pelo próprio CEO da Disney, Bob Iger. Ele afirmou na última teleconferência de resultados da companhia que pretendiam focar mais em qualidade do que quantidade. 

Na primeira fase do UCM, iniciada em 2008 e finalizada em 2012, seis filmes foram lançados no total. Ao final da fase três, que durou quatro anos e se encerrou com “Endgame”, esse número quase dobrou. 

Nos últimos dois anos, a Marvel lançou dez filmes. A principal rival, DC Entertainment, lançou seis longas no mesmo período.

“Os filmes em geral caíram muito, a questão do multiverso deixou tudo muito complexo no universo e os filmes ficaram muito confusos e chatos”, disse o estudante Pedro Cardoso, assinante do Disney+.

A integração com as séries também complicou o entendimento dos telespectadores. Ainda que não seja impossível entender o enredo de “The Marvels” por si, parte significativa do público pode ter ficado confusa por não ter assistido a série “Ms. Marvel” no Disney+ ou alguns longas anteriores do UCM. 

“As produções cinematográficas são cruciais para a Disney”, sinaliza Bruna Allemann, head de mercado internacional da Nomos. “Não só como fonte direta de receita, mas também como elemento chave para sua plataforma de streaming e inspiração para atrações em parques temáticos.”

A produção em escala industrial da Marvel não é o único problema que a Disney vem enfrentando com suas obras. A LucasFilm, responsável pelos filmes da saga “Star Wars”, não tem projetos em sua agenda no momento – e parece que este deve ser o ritmo, observando-se a tendência de lançamento da franquia. 

“O CEO da Disney […] enfatizou a melhoria da produção e economia dos estúdios de cinema como uma das principais oportunidades para o futuro da empresa”, explica Allemann.

A verdade é que caso a Marvel deseje recuperar as multidões que arrastava anteriormente, a companhia precisa realizar uma mudança efetiva em seu modo de produção. 

Pelo lado bom…

Os últimos resultados da Disney mostraram uma perspectiva bem otimista para a empresa no futuro. É claro, ser um dos maiores e mais famosos conglomerados de mídia do mundo ajuda. Mas a companhia viu sua plataforma de streaming atingir 112,6 milhões de assinantes ao redor do mundo no quarto trimestre fiscal de 2023, um aumento de 7% em relação ao terceiro trimestre fiscal.

Somente nos EUA, o Disney+ obteve 500 mil assinantes novos entre os trimestres. 

“Apesar do ambiente altamente competitivo no setor de streaming, a Disney demonstrou resiliência ao manter uma base de assinantes robusta”, indicaram analistas da Levante em relatório sobre o balanço da empresa.

Para Alleman, a Disney conseguiu superar os desafios enfrentados por seus principais estúdios, o que contribuiu para um um bom resultado financeiro. 

A companhia terminou o quarto trimestre fiscal de 2023 com lucro líquido de US$ 264 milhões, uma alta de 62% na comparação ano a ano. O Ebitda – lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – da Disney foi de US$ 2,9 bilhões no 4T23 fiscal, aumentando o indicado em 86% em relação ao quarto trimestre fiscal de 2022. 

Tanto Allemann quanto a Levante têm bons olhos para o case. A casa de análise tem recomendação de compra para o ativo da empresa listado na Nasdaq [DIS] e para o BDR [DISB34], com preços-alvo em US$ 120 e R$ 39,38, respectivamente. 

“[É] uma empresa que sabe manter seu legado mas sempre se atualiza conforme a evolução das gerações, tem ponte feita para crescer cada vez mais no futuro, mesmo com alguns percalços no caminho”, ressaltou Allemann.

Os desafios

Apesar das novas propostas indicadas pelo CEO Bob Iger – que afirmou na teleconferência pretender focar na rentabilidade do Disney+, no futuro da ESPN, na criatividade dos estúdios sob o guarda-chuva da empresa e nos negócios dos parques temáticos –, é um caminho longo até que a Disney consiga cativar o público de forma duradoura com suas novas obras como fazia anteriormente. 

Júlia Pacheco, estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro e assinante do Disney+, confessou que as produções mais recentes não cativam tanto quanto os clássicos, e que a empresa parece ainda estar “aprendendo como fazer”.

Para Pedro e Iury, o preço da plataforma também é um empecilho. “Eu acho um pouco caro”, sinalizou Iury. 

O plano básico custa R$ 33,90 mensais e vem crescendo progressivamente a cada trimestre. Apesar disso, o preço parece alinhado com outras plataformas de streaming como Netflix e HBO Max, mas bem abaixo do Amazon Prime Video, que custa R$ 14,90 por mês.

“Não é muito barato para uma lista não tão variada de conteúdos”, concluiu Pedro. 

Nem Júlia, nem Pedro e nem Iury têm o Disney+ como sua plataforma de streaming favorita. 

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