A Eleven Financial iniciou a cobertura da Energisa [ENGI11] nesta quarta-feira (16), estabelecendo recomendação de compra e preço-alvo de R$ 68. “Dentre as empresas integradas do setor de utilities, a Energisa é uma das mais descontadas, apresentando uma ótima relação entre risco e retorno potencial”, trouxe o relatório.
De acordo com o analista Bruno Vidal, 85% do valor atribuído à Energisa refere-se à soma das nove subsidiárias de distribuição de energia, principal frente de atuação da companhia. A casa destaca, todavia, que parte da estratégia do grupo é diversificar o portfólio e suas fontes de receita em outros segmentos.
Além das distribuidoras de energia espalhadas pelo Brasil, a Energisa conta com 12 lotes de linhas de transmissão, uma frente de atuação em geração de energia e uma aquisição recente no segmento de distribuição de gás natural.
Em março deste ano, a Energisa comprou a ES Gás, responsável pela distribuição de gás no estado do Espírito Santo. “Enxergamos com bons olhos essa aquisição, tanto em termos estratégicos de diversificação do portfólio de ativos, quanto em termos de valuation”
O conjunto de subsidiárias garante à companhia elétrica um perfil bastante defensivo e com resultados previsíveis, defende Bruno.
Assim, apesar da relevância da companhia enquanto distribuidora, cerca de 17% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Energisa é oriundo de outros segmentos operacionais. “Podemos esperar, segundo a companhia, que esse percentual se aproxima de 25% dentro dos próximos períodos.”
Levando em consideração o nível de qualidade dos ativos da Energisa junto ao histórico de execução, continua o relatório da Eleven, “não deveríamos enxergar um desconto tão grande em relação a outras empresas do setor como observamos no nível de preço da ENGI11 negociado pelo mercado atualmente”.
A casa estipula uma taxa interna de retorno (TIR) – uma taxa de desconto hipotética, definida a partir de uma projeção do fluxo de caixa – real implícita de 12,2% para ENGI11, enquanto a média do setor fica em torno de 10%.
Os riscos para a tese são uma eventual desalavancagem financeira mais lenta que o esperado, falhas na execução das despesas de capital (Capex), piora na alocação de capital e a discussão sobre o processo de renovação dos contratos de concessão das distribuidoras, pontuou Bruno Vidal.
Empresa familiar, controlada pela Família Botelho com 62,9% das ações ordinárias, a Energisa é uma das companhias mais antigas do setor e possui uma estrutura societária complexa, com diversas holdings que foram incluídas após a aquisição do Grupo Rede em 2014, que estava em recuperação judicial.
As concessões de distribuição da companhia são uma combinação entre contratos legados de maior qualidade operacional junto a concessões adquiridas em um passado mais recente e que, frisa o relatório da Eleven, ainda estão em processo de turnaround.