Em meio às tarifas de Trump, nações asiáticas reavaliam alianças comerciais

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A recente imposição de tarifas pelo governo do ex-presidente Donald Trump nos Estados Unidos tem levado nações asiáticas, cujas economias são fortemente orientadas para o mercado americano, a buscar alternativas para suas exportações. Conforme reportagem do The New York Times, embora não existam substitutos óbvios para o vasto mercado dos EUA, líderes políticos e empresariais dessas regiões estão intensificando os esforços para diversificar seus parceiros comerciais.

O movimento tarifário de Trump, que inclui exigências de concessões profundas até 1º de agosto e se baseia em alegações de anos de desequilíbrio comercial, tem causado perplexidade global. Anwar Ibrahim, primeiro-ministro da Malásia, resumiu o sentimento em uma reunião de líderes do Sudeste Asiático: “Em todo o mundo, ferramentas antes usadas para gerar crescimento agora são empunhadas para pressionar, isolar e conter. Precisamos fortalecer nossas fundações. Comerciar entre nós. Investir mais uns nos outros.”

Sinais de diversificação e novas parcerias

A busca por novas relações já se manifesta em diversas frentes. O recém-eleito presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, enviou emissários à Austrália e à Alemanha para discutir defesa e comércio, e há planos de estender essas delegações a outros países. O Brasil e a Índia, por sua vez, anunciaram a intenção de aumentar seu comércio bilateral em 70%, atingindo a marca de US$ 20 bilhões.

A Indonésia avança em um tratado com a União Europeia que pode zerar a maioria das tarifas mútuas. No Vietnã, que já havia aceitado tarifas de 20% sobre seus produtos com destino aos EUA antes das recentes cartas de Trump, a vice-ministra do comércio destacou os esforços para reduzir a dependência do país dos consumidores americanos, aproveitando outros acordos comerciais.

Wendy Cutler, vice-presidente do Asia Society Policy Institute, observa que, “à medida que mais e mais países sentem que é mais difícil satisfazer as demandas dos EUA, seu interesse em trabalhar com outros se intensificará”.

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Precedentes e desafios de integração

A história recente já mostra exemplos de países que buscaram novos parceiros em meio a tensões comerciais. No primeiro mandato de Trump, a China retaliou tarifas dos EUA reduzindo a compra de soja americana, abrindo espaço para que o Brasil se tornasse o principal fornecedor da China, afetando diretamente os agricultores americanos. Em 2017, a Coreia do Sul, após um boicote chinês por hospedar um sistema antimísseis dos EUA, expandiu seu comércio e investimento com Indonésia, Malásia e Vietnã.

Embora nações asiáticas já buscassem diversificar seus mercados, o ímpeto atual é mais forte. Contudo, a região ainda carece de uma integração perfeita. A Coreia do Sul, por exemplo, tem resistido em aderir ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP), um pacto comercial que surgiu após o fracasso de negociações com os EUA em 2016.

Byung-il Choi, economista sul-coreano e ex-negociador comercial, defende a adesão de seu país ao CPTPP, do qual o Japão já faz parte. A hostilidade de Washington pode, finalmente, tornar isso possível, especialmente com a postura mais flexível do presidente Lee em relação ao Japão. “Japão e Coreia acreditavam que somos um aliado firme e inabalável dos EUA, mas Donald Trump não acredita em aliados”, pondera Choi.

Concorrência chinesa e adaptação regional

A ofensiva tarifária de Trump ocorre em um cenário onde a China também tem inundado o mercado global com produtos de baixo custo para sustentar seu crescimento impulsionado por exportações. Esse excesso de oferta de carros, eletrodomésticos, eletrônicos e têxteis dificulta que os países vizinhos da China encontrem seus próprios nichos.

Paradoxalmente, a determinação da administração Trump em impedir que produtos chineses “filtreem” para os EUA via outros países pode beneficiar algumas nações. Empresas chinesas já estabeleceram fábricas no Sudeste Asiático em busca de mão de obra mais barata. Novas políticas podem incentivá-las a mover ainda mais suas cadeias de suprimentos para fora da China. Empresas regionais, pressionadas pela concorrência chinesa e pelas tarifas, podem ser incentivadas a aprimorar sua produtividade e manter sua participação no mercado.

Dionisius Narjoko, economista sênior do Instituto de Pesquisa Econômica para ASEAN e Leste Asiático, sugere que “eles podem ser mais eficientes, talvez investindo em novas tecnologias, digitalizando algumas de suas fábricas, a fim de reduzir custos”.

O desafio da autonomia e resposta coletiva

Para aumentar a renda de seus cidadãos, as nações em desenvolvimento do Sudeste Asiático precisam ir além de serem “oficinas” para grandes potências, criando suas próprias empresas. Isso exige liderança e investimento focado, como o que impulsionou a Coreia do Sul e o Japão a se tornarem potências manufatureiras. No entanto, o desafio de internalizar tecnologia e desenvolver indústrias locais ainda é grande, conforme observa Kim Dongsoo, pesquisador sênior do Korea Institute for Industrial Economics and Trade.

Embora uma resposta coletiva dos países afetados pelas tarifas de Trump pudesse ser vantajosa, ela ainda não se concretizou. Líderes globais têm priorizado garantir tratamentos favoráveis para seus próprios países. Até mesmo a crescente aliança BRICS, que irritou Trump ao se reunir no Rio de Janeiro e acolher a Indonésia como membro oficial, não tomou medidas diretas para resistir às tarifas americanas.

Alexander Hynd, professor assistente do Asia Institute da Universidade de Melbourne, aponta que não há sinais de uma frente unida no Sudeste Asiático, mas isso pode mudar se a turbulência atual persistir. “Os EUA estão tentando desmantelar bastante rapidamente o sistema que estabeleceram, o que está surpreendendo muitas pessoas”, concluiu Hynd.

 

Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do TradeNews. 

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