Esqueça as ações: o campeão de rentabilidade do ano é (ou)t(ro)

por Luís Gustavo Novais

 

Campeão por natureza (literalmente), o ouro se estabeleceu como o melhor caminho para rentabilidade em 2024, fortalecido por um cenário global favorável à sua valorização.

É comum a busca pelo metal precioso em momentos de caos, com investidores procurando ativos seguros como forma de proteção ao mercado incerto, e guerras são um dos principais eventos que contribuem para um ambiente caótico.

Conflitos na Ucrânia, Iêmen, Israel e Irã acontecem simultaneamente, aumentando a tensão geopolítica global, o que impulsiona o ativo. 

O curioso, no entanto, é a maneira como essa alta se manifestou. Ao olhar para os fundos de ouro nos Estados Unidos, o fluxo de entrada de dinheiro foi negativo, sugerindo a compra de barras de ouro.

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o maior país do mundo em extensão territorial teve US$ 300 bilhões congelados em contas no exterior, como parte das sanções impostas. Isso acendeu um alerta no radar de países aliados, que não gostariam de ficar tão vulneráveis a esse tipo de imposição.

Sendo o maior aliado da Rússia, a China passou então a trocar suas reservas, não mais por dólares ou títulos públicos americanos, mas por ouro. Esse movimento se mostra ainda mais relevante considerando que a China é o segundo maior detentor de ativos em dólares, atrás apenas dos Estados Unidos.

Com o passar do tempo, outros bancos centrais, além do chinês, passaram a estocar ouro, como a Turquia e a Índia.

Ciclo do ouro de volta

Recentemente, o artigo “The Gold Bull Cycle Has Just Begun”, postado no site Daily Reckoning, trouxe à tona uma discussão sobre o ciclo do ouro em relação ao ciclo do mercado de ações. Para o autor, este é o momento do metal precioso.

Na análise, é possível acompanhar a maneira como os dois ativos se alternaram entre 1972 e 2021.

Trajetória de desempenho do S&P 500 vs Ouro [Fonte: Charlie Biello]
Além dos conflitos, outros fatores reforçam a ideia de que o ouro está nos holofotes.

Dívida Global

Os EUA e outros países enfrentam um ponto crítico com a dívida global, que atingiu US$ 315 trilhões, ou 333% do PIB mundial. O Federal Reserve está flexibilizando a política monetária e pode ativar o afrouxamento quantitativo (QE) em breve, enquanto a China já injetou grandes volumes de liquidez para estimular sua economia.

Ao mesmo tempo, conflitos no Iêmen, Ucrânia, Israel e tensões entre EUA e Rússia aumentam os gastos militares globais. A Rússia agora destina 40% de seu orçamento à defesa, e os gastos da China rivalizam com os dos EUA, que também estão ampliando suas despesas e produção militar.

Supervalorização das ações

A euforia no mercado de ações pode ser enganosa. Apesar do bom desempenho recente, os indicadores de valorização estão emitindo sinais de alerta. Segundo a Longview Economics, 90% dos setores da bolsa americana estão em território de supervalorização, um fenômeno incomum que historicamente antecede correções de mercado.

Essa bolha especulativa, alimentada pela falta de perspectivas sólidas de crescimento econômico, preocupa os analistas. Diante desse cenário, acredita-se que os metais preciosos e outros mercados internacionais oferecem oportunidades de investimento mais atraentes e menos arriscadas no momento.

“Por enquanto, os mercados parecem complacentes, acreditando que tudo está bem com a economia. Isso não vai durar para sempre. Se houver uma boa correção no ouro e na prata, será uma oportunidade incrível de acumular. Continuarei comprando em correções”, finalizou o autor do artigo.

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