Liquidez e solvência são facilmente confundíveis, mas não são a mesma coisa. Enquanto a liquidez mostra a capacidade de uma empresa para pagamentos de suas dívidas a curto prazo, a solvência revela se haverá recursos suficientes para pagá-las a longo prazo.
Também conhecido como índice de alavancagem, a solvência ajuda a controlar a saúde financeira da empresa, auxiliando na tomada de decisões importantes e garantindo rentabilidade no futuro.
De acordo com Max Bohm, analista fundamentalista da Nomos, ao estudar uma empresa, os índices de solvência são importantes porque mostram se a companhia está numa situação financeira confortável, capaz de honrar os seus compromissos.
“Geralmente quando uma empresa tem um índice de solvência alto, ela é de melhor qualidade, uma empresa que está numa situação mais confortável”, explicou Max.
Uma organização é considerada solvente quando possui caixa suficiente para arcar com as despesas dentro dos prazos de vencimentos e ainda consegue manter uma reserva patrimonial, gerando maior lucro e impedindo falência.
Ao ter alta solvência, uma empresa tem mais credibilidade com bancos e credores, enquanto baixa solvência pode significar um risco potencial.
Um índice considerado bom muda de setor para setor. Então, um modo de saber se a solvência de uma empresa é boa, é comparar a sua porcentagem com as da concorrência.
Não é aconselhável analisar índices de solvência alheios fora de contexto, pois em determinados setores, algumas companhias têm números que provavelmente seriam totalmente inapropriados em outras áreas de atuação.
As empresas que apresentam os índices de solvência mais altos do mercado são as empresas de tecnologia. As companhias de serviços públicos costumam ter números menos, visto que enfrentam dívidas superiores.
Segundo Rodrigo Correa, estrategista da Nomos, uma empresa solvente não necessariamente é um bom investimento, mas uma empresa não solvente é o fim da linha ponto.
“Você só investe em uma empresa que não está solvente se acredita que ela vai se recuperar porque, em muitos casos, uma empresa não solvente vai à falência”, disse Rodrigo.
Indicadores de solvência
Existem diversos tipos de índices de solvência que podem ser utilizados para monitorar elementos distintos das finanças das empresas. Dentre eles, os mais simples são: dívida líquida/patrimônio líquido; dívida líquida/ebitda e liquidez corrente.
Dívida líquida/patrimônio líquido
Dessa forma, é possível identificar quanto do patrimônio da empresa está em dívidas, comparando o patrimônio líquido com a dívida líquida.
Caso a dívida esteja no mesmo valor do patrimônio, ou maior, a situação é preocupante, enquanto que uma dívida igual ou metade do patrimônio representa sinal de alerta. No cenário ideal, a dívida representa apenas metade do valor do patrimônio líquido.
Dívida líquida/Ebitda
Esta análise demonstra a geração de caixa operacional para honrar os compromissos da companhia, ao comparar a dívida líquida com o Ebitda (o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Caso a dívida esteja 3,0x maior que o valor do Ebitda, a situação é preocupante. O sinal de alerta seria caso a dívida representasse entre 2,0x e 3,0x o valor do Ebitda, enquanto o cenário ideal seria uma relação menor que 2,0x.
Liquidez corrente
O índice divide ativo circulante (caixa + estoque + contas a receber) por passivo circulante (empréstimos de curto prazo + contas a pagar + impostos). O resultado ideal deve ser um valor acima de 1,3, enquanto o alerta fica entre 1,3 e 1,0. Menor que 1,0 é preocupante.
No fim, é perfeitamente possível que uma empresa melhore os índices de solvência com o passar do tempo e consiga aumentar sua renda, através da venda de ativos para diminuir a dívida total, ou a reorganização da estrutura do negócio.
Porém, ao colocar dinheiro em uma empresa, esses índices devem ser pré-requisito para que o investidor tenha conhecimento se terá algum tipo de retorno e não vai acabar tomando calote.