O banco americano Goldman Sachs avalia que o Copom (Comitê de Política Monetária) deve elevar a taxa Selic em 25 pontos-base, passando dos atuais 14,75% para 15,00%, na reunião marcada para 18 de junho. Para a instituição, a medida seria essencial para conter uma inflação persistente, sustentar a credibilidade do Banco Central e manter as expectativas de inflação ancoradas.
Inflação de serviços pressiona decisão do Copom
Entre os principais argumentos do Goldman Sachs está a inflação de serviços, que ainda apresenta ritmo elevado, com destaque para os núcleos que giram acima da meta oficial de 3%. A inflação de serviços inerciais, por exemplo, está próxima de 7,6%, segundo o relatório.
A forte demanda interna, estimulada pelo crescimento da atividade econômica, pela melhora no mercado de trabalho e pelos efeitos do estímulo fiscal, tem dificultado o arrefecimento dos preços. Esse conjunto de fatores reforça a necessidade de um último ajuste na taxa de juros, segundo o banco.
Expectativas de inflação acima da meta para 2026 e 2027
Outro fator de preocupação destacado pelo Goldman Sachs são as expectativas de inflação para os próximos anos. Mesmo com leve alívio no curto prazo, as projeções para 2026 estão em 4,50%, muito acima da meta de 3,0%. Isso indica que a autoridade monetária ainda enfrenta desafios para controlar a trajetória da inflação no Brasil.
O banco afirma que manter a Selic inalterada neste momento seria um sinal fraco de compromisso com uma política monetária rígida. Com o mercado dividido e atribuindo cerca de 60% de chance para alta de juros, uma elevação de 25 pontos reforçaria a mensagem de seriedade no combate à inflação.
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Condições externas favorecem aperto monetário
O cenário internacional também oferece suporte à decisão do Copom. A recente melhora nas condições financeiras globais, com menor volatilidade e alta dos juros nos EUA, cria uma janela mais segura para medidas de aperto monetário no Brasil, segundo o Goldman.
Apesar da revisão para cima no PIB brasileiro, o banco alerta que a credibilidade do arcabouço fiscal segue fragilizada. A projeção de déficits primários até 2028 coloca maior responsabilidade sobre a política monetária brasileira, que precisa compensar a fragilidade fiscal para manter a inflação sob controle.
Alta da Selic pode preparar terreno para cortes futuros
Concluindo, o Goldman Sachs considera que uma alta moderada da Selic agora seria mais eficaz do que simplesmente manter a taxa e sinalizar rigidez futura. Segundo o relatório, esse movimento reforçaria a comunicação do Banco Central e abriria espaço para um eventual ciclo de cortes nos juros, caso o ambiente macroeconômico se torne mais favorável nos próximos trimestres.