O Ibovespa fechou em forte queda nesta terça-feira (13), em meio ao cenário de aversão ao risco presente nos mercados internacionais após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto dos Estados Unidos. O avanço de 0,1% veio acima das expectativas do mercado, que apostava em uma deflação na mesma magnitude, e praticamente confirmou a postura mais agressiva (hawkish) a ser adotada pelo Fed em relação ao aperto monetário no futuro. Ainda assim, o recuo do índice brasileiro ainda foi moderado em comparação aos de Nova York.
Para Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3, a expectativa criada pelos mercados em torno da possível deflação agravou as perdas, visto que havia certo otimismo com os mercados acionários nos últimos pregões. A visão se aproxima da de Nicolas Merola, analista da Inv, que aponta que o intervalo entre o valor esperado e o de fato observado é “psicologicamente” muito grande, gerando certo temor dos investidores.
O dólar fechou em forte alta, na esteira de seu fortalecimento ante pares globais. Os dados “inesperados” do CPI de hoje praticamente descartaram a ideia de uma suavização do aperto monetário por parte do Fed, e altas de juros mais agressivas tendem a fortalecer a moeda americana.
📊 Ibovespa 110.793,96 pontos (-2,30%)
💰 Volume R$ 25,4 bilhões
💵 Dólar R$ 5,1875 (+1,77%)
A MRV (MRVE3) foi um dos papéis que fechou em alta hoje, avançando 0,90%. Para o head de análise da Levante, Enrico Cozzolino, os papéis da construtora ainda estão com o preço bastante “descontado”, justificando parte do movimento mesmo com o cenário de baixo otimismo e aversão ao risco presente hoje. No ano, a MRV (MRVE3) recua pouco mais de 8%. Além disso, o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, ressalta que isso também pode ser reflexo das notícias recentes sobre o Casa Verde e Amarela (CVA), que favorecem a companhia.
O único outro papel que registrou ganhos foi BB Seguridade (BBSE3), que avançou 0,67%.
Do lado negativo, o cenário de aversão ao risco e perspectiva de juros mais altos no futuro prejudicou praticamente todos os setores do índice.
O setor de frigoríficos, com receita fortemente vinculada às exportações, foi impactado pelo risco de queda da demanda nos Estados Unidos. A JBS (JBSS3) e a Marfrig (MRFG3) recuaram 1,41% e 3,59%, respectivamente, enquanto a BRF (BRFS3) esteve entre as maiores quedas do índice, com 5,77%.
O setor de saúde também se destacou negativamente, com Hapvida (HAPV3) e Qualicorp (QUAL3) recuando 6,71% e 6,15%, respectivamente.
Nem mesmo a alta do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian foi capaz de estimular os papéis de mineradoras e siderúrgicas. A Vale (VALE3) chegou a esboçar alta, mas perdeu fôlego e fechou em queda de 2,71%, enquanto Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e Braskem (BRKM5) recuaram 4,10%, 3,78% e 3,53%, respectivamente.
Ainda em relação às commodities, as petrolíferas também caíram, na esteira das perdas do petróleo no mercado internacional e da visão negativa para a demanda. Petrobras ON (PETR3) recuou 2,86%, enquanto nos papéis PN (PETR4), a queda foi de 2,94%. PetroRio (PRIO3) caiu 2,10% e 3R Petroleum, 0,30%.
⬆️ Maiores Altas do Ibovespa
🟢 MRVE3 +0,90%
🟢 BBSE3 +0,67%
⬇️ Maiores Baixas do Ibovespa
🔴 HAPV3 -6,71%
🔴 NTCO3 -6,49%
🔴 QUAL3 -6,15%
🔴 BRFS3 -5,77%
🔴 DXCO3 -5,56%
(Com Agência Estado e BDM Online)