O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira (20), a quarta consecutiva, novamente descolado dos principais índices acionários ao redor do mundo. A corrida eleitoral permanece no radar dos investidores, assim como declarações de dirigentes do Fed em relação ao aperto monetário nos Estados Unidos, que deve “dar o tom” do comportamento das bolsas no futuro. Enquanto setores sensíveis a juros futuros, como varejo e construção, recuaram, os papéis ligados a commodities tiveram bom desempenho e puxaram o índice para o território positivo.
Para Rodrigo Jolig, da Alphatree Capital, apesar de ambos os candidatos serem “velhos conhecidos” do mercado financeiro, provavelmente sendo bem recebidos, a redução da distância de Bolsonaro para Lula nas pesquisas eleitorais anima os investidores por conta de sua maior aproximação com políticas de privatização, o que se refletiu no avanço de companhias como Petrobras (PETR3; PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).
Além disso, notícias de uma possibilidade de relaxamento nas políticas restritivas relacionadas ao Covid-19 na China deram fôlego a papéis vinculados a commodities, como a própria estatal de petróleo e a Vale (VALE3), que fechou em território positivo apesar da forte queda do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian.
O dólar fechou em queda, acompanhando a desvalorização da moeda no exterior. De acordo com o diretor da Correparti, Jefferson Rugik, a tendência é de que esse recuo, unido ao fluxo positivo de recursos estrangeiros no país e a um desmonte de posições defensivas no mercado futuro, motive um aumento da venda de dólares no mercado doméstico.
📊 Ibovespa 117.171,11 pontos (+0,77%)
💰 Volume R$ 36,9 bilhões
💵 Dólar R$ 5,2175 (-1,08%)
O Banco do Brasil foi o principal destaque de hoje, subindo 4,68%, favorecido pela perspectiva de um cenário mais acirrado no segundo turno das eleições. A redução da distância entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula nas pesquisas eleitorais anima investidores de estatais, por conta da postura “mais favorável” a privatizações do atual mandatário. O setor bancário como um todo foi puxado pelo bom desempenho dos papéis e avançou, com Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) subindo 1,55%, 1,72% e 1,15%, respectivamente.
As mineradoras e siderúrgicas foram impulsionadas pelo otimismo em relação à China e também avançaram na sessão, mesmo com a desvalorização do minério de ferro no mercado internacional. CSN (CSNA3) figurou entre as maiores altas do índice, com 3,96%, enquanto Vale (VALE3), Usiminas (USIM5), e Gerdau (GGBR4) avançaram 1,28%, 2,99% e 2,52%, respectivamente. A única exceção foi a Braskem (BRKM5), que, segundo Julia Monteiro, analista da MyCap, realizou após fortes ganhos nos últimos dias.
Do lado negativo, a maior parte das varejistas fechou em queda, em meio ao avanço dos juros futuros, que acompanha o pessimismo com a persistência da inflação no exterior. Via (VIIA3) caiu 7,06%, enquanto Magazine Luiza recuou 2,39%. A Americanas (AMER3) teve a maior queda do pregão, despencando 13,77%, à medida que investidores esperam a divulgação de resultados negativos no 3T22. A única exceção ao movimento foi a Natura (NTCO3), que avançou 3,54%, ainda puxada pelo otimismo em relação ao possível IPO da Aesop, sua unidade de negócios de luxo e bem-estar.
Papéis ligados à tecnologia fecharam em queda, em meio a uma “volatilidade pré-balanço”, que representa o receio de investidores de se manterem posicionados nos ativos a fim de evitar resultados abaixo do esperado e posteriores perdas. Positivo (POSI3) e Méliuz (CASH3) recuaram 2,81% e 2,73%, respectivamente.
⬆️ Maiores altas do índice
🟢 BBAS3 +4,68%
🟢 CSNA3 +3,96%
🟢 NTCO3 +3,54%
⬇️ Maiores baixas do índice
🔴 AMER3 -13,77%
🔴 VIIA3 -7,06%
🔴 CYRE3 -3,48%
(Com Agência Estado e BDM Online)