Instabilidade fiscal aguça interesse dos brasileiros para investir no exterior

O mercado projeta um ano repleto de desafios e incertezas em 2023. A partir das projeções do que pode acontecer com o resultado das eleições, os vieses econômicos se movimentaram de tal forma que o interesse unânime de proteger o patrimônio financeiro aumentou.  

O aporte de capital investido no exterior cresceu 28,7% em novembro de 2021 e atingiu o volume recorde de R$ 827 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Além do fator de proteção, algumas das motivações que levam  um número considerável de pessoas a investir no exterior são a diversificação das aplicações, ir em busca de retornos maiores, planejar aquisição de novos imóveis ou apenas pensar em montar um portfólio em moeda forte. 

Há quem acredite que essas movimentações são uma tendência de oportunidade, outros enxergam como uma fuga do cenário econômico do país no futuro.

As incertezas fiscais em relação ao Brasil pesam sobre o mercado e mexem com os juros. Essa associação reflete no aumento do custo de capital para as empresas, reduzindo assim a expectativa de crescimento para o país. 

Em virtude disso, a orientação dos investimentos no exterior contribui para minimizar os riscos do cenário interno. 

Ao mesmo tempo, é possível considerar um contexto de oportunidades. Os últimos dados sobre a inflação ao consumidor americano trouxeram uma expectativa de aperto monetário menor por parte do Fed. 

Esses dados são benéficos para as empresas estrangeiras, tornando possível um impulsionamento do mercado de ações. 

Para o head de Mercado Internacional da BS/, Marcus Vinicius Leoncio, o movimento pode ser atribuído a fuga, mas também, oportunidade.

“Com a taxa de juros americana perto das máximas históricas, o investimento em bonds e renda fixa americana torna-se uma excelente oportunidade. Além disso, a diversificação, principalmente em moeda forte, é o ponto mais importante e pode fazer mais diferença no resultado da carteira de um investidor.”

Nem sempre foi assim. Por alguns anos, investir no exterior foi sinônimo de receio. A execução era vista como trabalhosa e um privilégio apenas para quem possuía um capital elevado em termos financeiros. 

Com as mudanças regulatórias e o desenvolvimento de novos produtos, a tarefa se tornou mais simples. Por isso a quantidade de investidores interessados em aplicar fora apresenta crescimento. Apesar do interesse, o mercado ainda é pouco explorado, dada a vasta variedade de produtos de investimento e falta de compreensão a respeito de alguns nichos.

Além disso, é preciso considerar que, se investir no próprio país já exige estudo e dedicação, para aplicar lá fora é ainda mais importante. É preciso estar disposto e conhecer a fundo sobre as opções que podem ser interessantes.

Ter portfólio e investimentos no exterior de forma mais eficiente é possível de diversas maneiras, Gabriel Lopes Passaroff, Advisor Investment da Eleven, comenta como pode ser feito:

‘’Avaliamos a possibilidade de abertura de conta no exterior como a mais eficiente, permitindo o acesso a ativos e companhias globais, o que contribui para otimizar a construção de um portfólio.’’

Algumas das vantagens de investir no exterior é poder explorar novas possibilidades. Na B3, a bolsa brasileira, são negociadas ações de um número restrito de empresas, cerca de 1% das existentes no mercado global, com pouco mais de 300 empresas.  

Enquanto isso, nas bolsas norte-americanas, por exemplo, são mais de cinco mil, quase a metade de todo o mercado de ações no mundo. Dessa forma, investir no exterior pode ser o medidor de resultados, principalmente nas épocas em que os mercados locais não vão bem. 

É preciso ter em mente que qualquer benefício está atrelado a algum tipo de risco. Quando falamos sobre investir essa premissa não muda, para qualquer investimento, o longo prazo é um fator importante para a multiplicação do capital. Fora do país, essa condição é fundamental.

Um dos fatores de risco está relacionado a mudança cambial, o estrategista de investimentos da BS/ BRA , Rodrigo Correa, esclarece que “Investir em um ativo que fique parado no exterior, enquanto o câmbio anda no sentido contrário, é um risco”, comenta. 

De acordo com o especialista, a situação traria prejuízo ao investidor na hora do resgate, “então todo investimento, neste caso talvez até mais do que em outros, a melhor opção nunca é pensar a curto prazo, mas sim a médio e longo prazo.”

Sendo assim, traçar metas em número de ações e em renda passiva com esses investimentos são opções mais seguras.

Entre 2011 e 2020, o dólar teve uma valorização de cerca de 200%, com média de ganhos anuais de mais de 11%, contra pouco mais de 70% do Ibovespa e média anual de 5,78%.

Apesar de os mercados de outras geografias ainda serem pouco explorados, essa possibilidade não é mais apenas uma utopia. 

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