Investir na Bolsa pode ser tão viciante quanto apostas esportivas

A busca por lucro rápido e a adrenalina das oscilações no mercado de ações pode ser um terreno fértil para o desenvolvimento de comportamentos viciantes para o trader brasileiro, que se vê com sensações bastante parecidas com as causadas por jogos de azar.

De acordo com o psicólogo financeiro Celso Sant’Anna, o que faz o trader viciar é o mecanismo de recompensas presente nos jogos. Tamanha expectativa de ganho libera dopamina – neurotransmissor responsável por levar informações do cérebro para as várias partes do corpo –, criando um sentimento prazeroso e, consequentemente, o vício. 

“Nós temos um termo para isso dentro da área da saúde mental, que é a ludopatia, que é justamente esse vício em jogos de apostas”, apontou.

Além da ludopatia, Sant’Anna explica sobre outro conceito estudado na área de investimentos: sensation seeking – busca por sensações. Nesse contexto, os investidores têm necessidade da sensação de estar em risco, ainda que de forma controlada, visto que é possível calcular a possível perda.

Ao mesmo tempo, alguns traders podem usar a atividade como uma forma de escapar de problemas pessoais ou emocionais, segundo o analista técnico João Tonello. Ele afirma que a confiança excessiva nos ganhos iniciais também pode incentivar apostas cada vez maiores, ou compulsão em recuperar perdas.

“É muito importante ter hobbies e atividades fora do trading para evitar que ele se torne uma obsessão”, ressaltou.

Ainda que a Bolsa seja considerada mais segura que jogos de azar, visto que, em geral, envolve análises e estratégias baseadas em dados econômicos e financeiros, enquanto jogos de azar dependem mais de sorte, Tonello argumenta que isso não significa que seja uma atividade segura para aqueles propensos ao vício. 

Na verdade, ele frisa que considerar o trade como uma “opção melhor” para viciar é problemático, pois qualquer forma de vício pode ser prejudicial. Um exemplo disso, prossegue o analista, é Nick Leeson, trader britânico cuja história é exemplo clássico de vício e suas consequências desastrosas. 

Ele trabalhava para o Banco Barings e começou a fazer negociações não autorizadas para cobrir perdas iniciais. Com o tempo, suas apostas se tornaram cada vez maiores na tentativa de recuperar o dinheiro perdido, resultando em perdas irreversíveis que levaram à falência do banco em 1995. 

Por outro lado, o analista afirma que existem histórias positivas, como a de Warren Buffett, que se destaca não pelo vício, mas pela disciplina e abordagem racional ao investimento. Buffett é conhecido por seu investimento a longo prazo e por evitar decisões impulsivas, servindo como um exemplo de como investimentos podem ser feitos de maneira saudável e sustentável.

Em suas experiências como psicólogo financeiro, Celso Sant’Anna conta que atendeu uma paciente que já o procurou sabendo que tinha viciado no trading e queria se livrar disso. Então, sua solução foi fazer um trabalho que girasse a rotina da moça por meio de  estratégias psicoterapêuticas, para que ficasse longe das telas e do mercado financeiro.

Ainda assim, Sant’Anna também comenta que trata três casos nos quais os próprios traders perceberam que tratam o day trade como válvula de escape, criando gatilhos para aumentar a compulsão por outras vícios como álcool e cigarro. 

“Eles entenderam que o day trading já era uma intensidade muito alta e fizeram uma transição para fazer operações mais pausadas”, ressaltou. “Com isso, conseguiram ter tanto resultados financeiros satisfatórios quanto manter um comportamento saudável.”

 

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