O IPCA-15 subiu 0,36% em março, superando as projeções do mercado. Nos últimos 12 meses o índice acumula alta de 4,14%, abaixo dos 4,49% observados anteriormente, mas acima das expectativas de 4,10%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco registraram alta em março, com destaque para os grupos de Alimentação e bebidas (0,91% e 0,19 p.p.), Transportes (0,43% e 0,09 p.p.) e Saúde e cuidados pessoais (0,61% e 0,08 p.p.).
No grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio (1,04%) subiu novamente. As principais influências do mês foram as altas da cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%), alimentos que em grande parte sofrem com os efeitos do El Niño.
A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,59%. Entre os Transportes houve queda na passagem aérea (-9,08%), que compensou parcialmente a alta dos combustíveis (2,41%).
Os combustíveis foram puxados pelo etanol (4,27%) e pela gasolina (2,39%), sendo o primeiro impactado pela maior demanda e período de entressafra da cana-deaçúcar e o segundo pelo aumento do ICMS, enquanto o gás veicular (-2,07%) e o óleo diesel (-0,15%) recuaram.
Por último, em Saúde e cuidados pessoais o resultado foi influenciado pelo plano de saúde (0,77%), que seguem passando pelo reajuste anual, pelos produtos farmacêuticos (0,73%) e pelos itens de higiene pessoal (0,39%).
A prévia da inflação de março é marcada por diversos reajustes que devem acabar em breve, aliviando a pressão sobre algumas atividades, de modo que seguimos prevendo mais desaceleração na inflação ao longo dos próximos meses.
Além disso, como a alta dos alimentos é um dos fatores que mais impacta a popularidade de Lula, possivelmente teremos medidas governamentais para amenizar os preços do segmento.
Dito isso, seguimos atentos com os dados de inflação e possíveis reflexos na condução da política monetária por parte do Copom, que já sinalizou postura mais cautelosa para a reunião de junho.