O IPCA-15 avançou 0,78% em fevereiro, acelerando em relação aos 0,31% registrados em janeiro, mas ficando levemente abaixo das projeções de 0,82% do mercado. O acumulado em 12 meses foi de 4,49%, um aumento marginal em comparação com o registro anterior e também menor que as projeções do mercado.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito registraram alta em fevereiro, sendo a exceção o Vestuário (-0,39% e -0,02 p.p.). Do lado positivo os principais destaques foram os grupos Educação (5,07% e 0,3 p.p.), Alimentação e bebidas (0,97% e 0,2 p.p.) e Saúde e cuidados pessoais (0,76% e 0,1 p.p.).
A alta da Educação é comum no começo de cada ano em função dos reajustes nos preços das mensalidades. Dito isso, a maior contribuição veio de cursos regulares (6,13%), enquanto as principais variações vieram do ensino médio (8,58%), ensino fundamental (8,23%) e pré-escola (8,14%).
Já no grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio teve expansão de 1,16%, puxada principalmente pela cenoura (36,21%), batata-inglesa (22,58%) e feijão-carioca (7,21%). A alimentação fora do domicílio (0,48%) acelerou em relação a janeiro, influenciada tanto pelo lanche (0,79%) quanto pela refeição (0,35%). A alta dos preços dos alimentos ainda está bastante relacionada aos efeitos do El Niño.
De forma semelhante à Educação, a Saúde e cuidados pessoais subiu muito impactada pelos reajustes dos planos de saúde (0,77%), mas contou também com altas nos produtos farmacêuticos (0,61%) e itens de higiene pessoal (0,7%).
Por último, os Transportes (0,15% e 0,03 p.p.) tiveram leve avanço graças ao aumento dos preços dos combustíveis (0,77%), sendo que as maiores variações vieram do gás natural (3,83%), da gasolina (0,84%) e do etanol (0,32%), enquanto o óleo diesel (-0,32%) registrou queda. As passagens aéreas
caíram 10,65%.
O começo de ano é marcado por reajustes que refletem nos índices de inflação nacionais, de modo que variações mais expressivas já são esperadas. Dito isso, a alta dos alimentos continua sendo o principal ponto de destaque à medida que os efeitos do El Niño ainda estão causando disrupções e pressionando a oferta.
De todo modo, mantemos o cenário de convergência da inflação para o centro da meta em função do crescimento mais baixo esperado para 2024, da redução dos impactos do El Niño ao longo do ano e da desaceleração da economia global, favorecendo a continuação da trajetória atual de política monetária caso não surjam riscos elevados da situação fiscal brasileira.