Em julho, o Índice de Preços ao Produtor brasileiro recuou 0,82%, confirmando o sexto mês consecutivo de deflação. No ano, o índice acumula variação de -7,23%, o menor para um mês de julho desde o início da série histórica, em 2014. Em relação a julho do ano passado, o acumulado foi de -14,07%, também mínima da série histórica.
Na comparação mensal, 16 das 24 atividades industriais tiveram deflação, com destaque para alimentos (-0,33 ponto percentual); refino de petróleo e biocombustíveis (-0,29 p.p.); indústrias extrativas (0,22 p.p.); e metalurgia (-0,17 p.p.).
A queda dos alimentos pode ser explicada pela valorização do real e pela diminuição dos preços das commodities nos mercados internacionais. As principais reduções do grupo vieram de carnes e laticínios, beneficiadas pelo custo de aquisição menor do milho e da soja.
Por outro lado, a alta dos óleos brutos de petróleo e do minério de ferro de junho para julho ajuda a explicar o impacto positivo das indústrias extrativas no resultado.
O petróleo se valorizou diante do corte na produção e expectativas de redução nas exportações da Arábia Saudita e da Rússia, enquanto o minério de ferro ganhou força com os estímulos chineses voltados para o setor imobiliário. Apesar disso, o refino de petróleo e biocombustíveis caiu influenciado pelo dólar, assim como a metalurgia.
No ano, as indústrias extrativas seguem no negativo (-1,43%). Entre as grandes categorias, todas as quatro apresentaram deflação de junho para julho. Os bens de consumo semi e não duráveis (-1,39%) lideraram as quedas, seguidos pelos bens intermediários (-0,63%), bens de capital (-0,42%) e bens de consumo duráveis (-0,22%).
O sexto mês seguido de deflação na indústria mostra os benefícios da valorização cambial e da desaceleração global nos preços da indústria.
No mais, como a indústria tende a repassar os preços menores para os consumidores, entendemos que o resultado reitera a tendência de aumento do controle inflacionário para o segundo semestre do ano, facilitando a condução do ciclo de corte de juros e possibilitando uma retomada do consumo.
Dito isso, mantemos nossas perspectivas de inflação sob controle e cortes de juros até o fim do ano, com retomada gradual do consumo e dos
setores mais elásticos.