Juros: quem corta primeiro?

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A próxima rodada de reuniões de política monetária dos bancos centrais ao redor do mundo se aproxima e ressurge a questão: qual será o primeiro BC a cortar os juros e finalizar de vez o ciclo de altas?

Grande parte dos bancos centrais adotaram políticas de taxas de juros bem baixas em 2020, com a crise da Covid. Com a retomada da economia e a consequente pressão inflacionária, os BCs deflagraram apertos monetários, elevando o nível de juros. 

Apesar dos movimentos em sintonia, atualmente os efeitos desses apertos são diferentes, por conta das características distintas de cada economia nacional. 

Quem deve cortar os juros primeiro?

Apesar da maioria dos BCs das principais economias mundiais ainda não ter confirmado seus próximos passos, as projeções não deixam de acontecer.

O analista em macroeconomia da Benndorf Research, Marco Ferrini, afirmou que as duas entidades em melhor contexto para um possível corte nos juros são o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Banco Popular da China (BPC). 

Isso seria, segundo ele, porque são as duas economias que apresentam taxas de inflação mais controladas, especialmente a China, e também por conta da desaceleração econômica nos dois países. 

Já o time de análise econômica da XP Asset Management coloca o Banco Central do Chile (BCCh) como um dos principais candidatos a dar início aos cortes, pois o cenário de inflação e atividade do país está alinhado com o que projetou a autarquia.

Quando os cortes devem começar?

Diego Perez, presidente da Associação Brasileira de Fintechs (abfintechs), tem uma visão otimista quanto a isso. Para ele, no caso brasileiro, os cortes já podem começar nas próximas reuniões do Copom, mas de maneira “ainda tímida”. 

De acordo com ele, isso pode acontecer por conta da movimentação retilínea e do controle de alguns indicadores macroeconômicos, como a inflação e o fluxo de investimento no país.

Já Marco e o time da XP Asset só vêem cortes após as reuniões de junho. 

E no Brasil?

Como mencionado anteriormente nesta reportagem, a maioria dos especialistas consultados não acreditam que cortes possam ocorrer nas reuniões de junho, incluindo no Brasil. 

Marco sinaliza que o início dos cortes pode ser por volta de setembro, mas alerta sobre a possibilidade de ser um pouco depois, caso o cenário atual macroeconômico não se mantenha. 

Segundo ele, a queda na taxa não deve acontecer na próxima reunião do Copom pois ainda existem fatores que podem afetar a trajetória da inflação no Brasil, como o aumento de impostos neste mês e no próximo. 

A XP Asset corrobora a visão de Marco, também indicando setembro como o mês em que o Bacen deve iniciar seus cortes. 

O time de análise assinalou que esta queda deve vir só no segundo semestre pois a projeção de inflação do Bacen, dentro do relevante considerado para a política monetária – 2024, atualmente -, estava em 3,6% na última reunião, ainda acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é 3%.

Qual deve ser a magnitude do corte?

Diego indicou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “já fez anúncios públicos” falando sobre a possibilidade da taxa começar a reduzir em patamares simbólicos até o final do ano. 

Segundo o presidente da abfintechs, a Selic só cairá do patamar de dois dígitos a partir do ano que vem. 

Marco espera que, de início, aconteçam cortes marginais de 0,25 p.p. 

Isso seria “uma sinalização ao mercado e à economia, bem como refletindo o momento de cautela que deve se formar para o segundo semestre do ano, já que as economias desenvolvidas devem continuar com juros elevados e provavelmente entrarão em recessão”.

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