A economia da América Latina deve entrar em um ciclo de desaceleração no segundo semestre de 2025, após um desempenho acima do esperado no início do ano. Relatórios recentes do JP Morgan e do Bank of America (BofA) destacam que Brasil, México e outras economias da região enfrentarão um crescimento mais moderado, ao mesmo tempo em que se prepara um ciclo de afrouxamento monetário em 2026.
Crescimento perde fôlego na região
De acordo com o JP Morgan, o PIB da América Latina deve ter avançado cerca de 2,9% no primeiro semestre de 2025, superando as expectativas iniciais. No entanto, a tendência para os próximos trimestres é de desaceleração, com média de apenas 0,5% de crescimento no segundo semestre.
O banco destaca que Brasil e México devem apresentar desempenho inferior ao restante da região. No Brasil, após a força do agronegócio no início do ano, a atividade não agrícola já mostra sinais claros de fraqueza. O IBC-Br, índice que antecipa o PIB, caiu de 6% no primeiro trimestre para 1,1% no segundo trimestre, sinalizando retração no terceiro trimestre. A projeção do JP Morgan é de crescimento de 2,3% em 2025, puxado por setores de serviços e renda, menos dependentes do crédito.
No México, a situação é um pouco mais positiva. A economia surpreendeu com resiliência no primeiro semestre, apoiada pelo setor de serviços, que representa quase 60% do PIB. O banco revisou sua projeção de crescimento para 1% em 2025, acima da estimativa anterior de 0,6%.

Cenário nos demais países da América Latina
– Chile: crescimento moderado, impulsionado por investimentos, mas limitado pela queda nas exportações líquidas.
– Colômbia: atividade abaixo do esperado, levando a revisões negativas para o PIB do ano.
– Argentina: apesar de efeitos de base favoráveis, a atividade ainda está 0,5% abaixo dos níveis pós-Covid, com expectativa de crescimento anual de 4,7% em 2025.
– Uruguai e Paraguai: impulsionados pela colheita de soja e consumo interno, com crescimento estimado em 2,2% e 4,3%, respectivamente.
– Equador: forte alta no início do ano, mas riscos de queda no segundo semestre por fatores climáticos e fiscais.
– América Central e Caribe: destaque positivo para Costa Rica (4,1%) e El Salvador (2,5%), apoiados pela indústria e pelas remessas.
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Perspectiva para o Brasil: juros e política em foco
O relatório do BofA reforça que a tendência de desaceleração econômica abre espaço para cortes significativos de juros até o fim de 2026. O banco projeta que:
– A taxa Selic no Brasil caia de 15% para 11,25%.
– No México, a taxa recue de 7,75% para 6,75%.
– Na Colômbia, de 9,25% para 7%.
Chile e Peru também devem reduzir os juros em 50 pontos-base.
No caso brasileiro, além do ciclo de juros, o cenário político deve influenciar os rumos econômicos. A pesquisa Quaest mostrou melhora na aprovação do governo Lula em agosto, com 46% de aprovação (ainda abaixo da rejeição, de 51%). Entretanto, a criação da CPMI do INSS e as disputas no Congresso podem trazer riscos fiscais e de governabilidade.
Região vive transição delicada
A América Latina entra na segunda metade de 2025 em um ciclo de desaceleração econômica, após um primeiro semestre de surpresas positivas. Para 2026, o consenso entre analistas é de que a política monetária mais flexível deverá ajudar a sustentar o crescimento, mas incertezas políticas – especialmente no Brasil – permanecem como risco relevante.