Logística: analistas indicam suas top picks do setor

O setor de logística brasileiro inclui empresas de infraestrutura rodoviária, ferroviária, hidroviária, portuária e aeroportuária, assim como transportadoras e empresas de locação de veículos, e movimenta aproximadamente R$ 1,5 trilhão por ano. 

Em 2022, o setor representou 13,3% do PIB brasileiro, ocupando o 56º lugar no ranking Logistics Performance Index (LPI) do Banco Mundial.

De acordo com dados da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), entre 2022 e 2026, o setor privado irá investir R$ 124,3 bilhões em transporte e logística. 

Os serviços de transporte e infraestrutura no Brasil são beneficiados pelo crescimento do agronegócio, pois o aumento na produção agrícola requer uma logística eficiente para movimentar os produtos desde as áreas de cultivo até os portos de exportação e centros de distribuição. 

Além disso, o aumento do comércio eletrônico e da distribuição urbana também tem ampliado a demanda por serviços logísticos devido à transformação do modelo de entrega. 

Segundo Christian Oliveira, analista da Levante, enquanto no passado os produtos eram transportados até as lojas físicas, o crescimento do comércio eletrônico resultou em uma logística mais complexa, envolvendo o transporte direto dos centros de distribuição aos consumidores finais. 

“Esse cenário impulsionou desafios como lidar com maior volume e variedade de produtos, garantir velocidade de entrega, otimizar a última milha em ambientes urbanos e proporcionar rastreabilidade em tempo real”, explicou.

Os custos logísticos no Brasil tendem a ser relativamente altos, devido a questões ligadas à infraestrutura, burocracia, impostos e regulamentações complexas, o que pode prejudicar a competitividade das empresas e elevar o custo dos produtos para os consumidores.

As diferenças regionais no país também refletem no setor, porque algumas regiões contam com infraestrutura mais desenvolvida e acesso facilitado a portos e centros de distribuição, enquanto outras enfrentam desafios de conectividade e custos de transporte mais elevados.

No cenário brasileiro, o transporte rodoviário ainda é o principal modal para o movimento de cargas, o que cria maior dependência de rodovias e implica em desafios relacionados ao congestionamento e à manutenção. 

Para Christian, apesar dos desafios enfrentados, a infraestrutura deficitária no Brasil pode representar um campo propício para a entrada e crescimento de empresas no setor de infraestrutura. 

“Essa realidade cria um cenário que pode oferecer oportunidades para as empresas atuantes no âmbito da infraestrutura logística”, disse.

Atualmente, os investimentos planejados dentro do novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e as futuras concessões rodoviárias e ferroviárias projetadas apresentam uma oportunidade de ampliação do portfólio para as empresas atuantes nesse segmento.

Max Bohm, analista fundamentalista da Nomos, argumenta que a regulamentação brasileira é o maior entrave para que o setor seja mais consolidado no Brasil.

“Não tenho dúvidas que existem empresas e fundos de investimentos asiático querendo investir em infraestrutura no Brasil, mas como aqui a insegurança jurídica ainda é grande, muitos desses investidores não aportam seus dólares aqui”, declarou.

Melhores ações do setor

No caso das empresas de transporte, Christian destaca a JSL [JSLG3], pois a empresa assume a liderança em um setor que abriga mais de 699 mil participantes, constituídos por empresas familiares e autônomas, e detém apenas uma fatia de mercado de 2-3%. 

“Estes números evidenciam a magnitude do mercado potencial da companhia e sugerem que existe espaço para adquirir concorrentes”, afirmou.

Apesar de riscos associados à execução da estratégia de consolidação das subsidiárias e às possíveis pressões nos custos, especialmente relacionadas aos preços do diesel, o histórico positivo da empresa e a consistência no desempenho das margens nos últimos trimestres são elementos que tendem a fortalecer a confiança dos investidores.

Além da JSL, outros destaques do transporte rodoviário são a Ecorodovias [ECOR3] e a CCR [CCRO3], a última possuindo um escopo mais amplo, incluindo negócios de mobilidade urbana e concessões aeroportuárias.

Ambas as empresas têm se beneficiado da forte demanda por suas rodovias para o transporte rodoviário de cargas, com destaque para a exportação de grãos, especialmente no caso da Ecorodovias. 

Ademais, a recuperação do setor de turismo e o aumento da circulação de passageiros nas rodovias também têm impactado positivamente as operações das empresas.

No setor ferroviário, a indicação é a Rumo (RAIL3). Mesmo que abaixo das expectativas do mercado, o aumento dos volumes no 2T23 sugere que os riscos operacionais relacionados aos incidentes criminais na baixada santista estão sob controle.

Quanto à precificação, a empresa demonstrou uma trajetória de tarifas sólida, favorecida pela maior competitividade do transporte ferroviário diante da demanda elevada por movimentação de grãos.

Além disso, para a segunda metade do ano, é esperado uma tendência favorável nos volumes, impulsionada pelas perspectivas de safra robusta de milho. 

Quando se trata de caminhões, a Vamos [VAMO3] se destaca como a principal locadora e maior compradora desse tipo de veículo no mercado nacional.

A Vamos desfruta de vantagens significativas de escala em suas aquisições de ativos, o que lhe permite oferecer soluções de aluguel a preços mais competitivos, pois atua em um mercado com pouca presença de concorrentes. 

De acordo com Christian, a determinação do ativo com o maior potencial de retorno é uma tarefa complexa, pois requer a análise do nível de risco que o investidor está disposto a assumir. 

“No entanto, levando em consideração os fundamentos sólidos do negócio e um valuation atraente, a Vamos se sobressai como uma das nossas escolhas preferenciais dentro desse segmento”, explicou.

 Max Bohm diz que o grupo Simpar [SIMH3], que controla a operação JSL, previamente citada, tem alguns ativos não listados que têm muito potencial, como o Banco BBC, que oferece crédito e leasing; a Automobi, que é uma rede de concessionárias de carros; a Ciclos, que é uma empresa de gestão de aterros sanitários; e a CS INFRA, que também investe em infraestrutura urbana. 

“Em longo prazo, a Simpar é a empresa que tem o maior upside, dado que esses ativos podem vir a mercado e destravar um grande valor para a empresa”, disse.

Análise Técnica 

O analista técnico da Benndorf Research Filipe Borges, destaca o papel da Hidrovias do Brasil [HBSA3] para Day Trade hoje (4). Segundo o analista, o ativo teve movimentação de alta dos R$ 3 até R$ 4,40, fez correção recentemente, mas já se nota uma retomada de fluxo comprador na ação.

Desempenho de HBSA3. [Fonte: TradingView/Filipe Borges]
“Para compra seria interessante um stop para proteção do capital abaixo de R$ 3,78, com o primeiro alvo a R$ 4,42, rompendo o alvo principal na região dos R$ 5,50 do setor de logística”, concluiu.

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