É a última semana antes de uma “eleição milimétrica”, como Afonso Pacífico, analista político da JGP, descreveu o segundo turno da corrida eleitoral.
No evento “Perspectivas do Cenário Político para a Próxima Legislatura”, promovido pela gestora na última sexta-feira (21), Pacífico ponderou sobre os cenários pré e pós-primeiro turno e os possíveis rumos do Brasil sob a presidência de cada candidato.
Gestor federal concursado do Ministério da Economia durante quase dez anos, Afonso Pacífico ocupou cargos e funções na Presidência da República durante os governos de Dilma, Temer e Bolsonaro – e enxerga diferenças políticas e econômicas reais entre governos de esquerda e direita.
“Quem diz que política e eleição não fazem preço, ou desconhece [o assunto] ou está mentindo”, afirma. O analista destacou o resultado das eleições para o Legislativo como mais importante que a escolha para o Executivo.
O novo Congresso
Da década de atuação no Planalto, Pacífico narrou a existência de uma “direita enrustida” que se revelou apenas em face da eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
Enquanto parlamentares à esquerda do espectro político em maioria sempre definiram a si mesmos esquerdistas, os congressistas mais à destra diziam-se de centro antes do governo vigente.
De acordo com Pacífico, Bolsonaro representa um fenômeno político nacional, demonstrado na eleição para o Senado de todos os apadrinhados políticos do atual presidente.
“O voto em Damares foi claramente de direita”, menciona, relacionando a ex-ministra do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos à chamada pauta de costumes. Damares Alves foi eleita senadora pelo Distrito Federal com 44,98% dos votos válidos.
Quanto aos figurões já conhecidos da política nacional, Afonso Pacífico apontou Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), sigla de 99 dos deputados da Câmara e 13 Senadores em 2023 – as maiores bancadas em ambas as Casas – como verdadeiro vencedor do pleito de 2022, seja quem ganhe a faixa presidencial. “Ele certamente vai indicar algum ministério se Bolsonaro for reeleito”, sugeriu o especialista da JGP.
O atual presidente concorre à reeleição filiado ao PL.
Se a agremiação de Costa Neto saiu fortalecida, o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), na concepção de Pacífico, obteve saldo inversamente proporcional. “Minimamente ficou um partido sem identidade”, afirmou, tendo em vista a divisão interna entre os membros do partido sobre as declarações de apoio no segundo turno.
Contagem regressiva para o segundo turno
Lula e Bolsonaro “estão tecnicamente empatados, a verdade é essa”. Afonso Pacífico utiliza como base as pesquisas de intenções de voto produzidas pelo Instituto Paraná Pesquisas, homenageado na Assembleia Legislativa paranaense este mês como a instituição cujas sondagens mais se aproximaram do real resultado das urnas no primeiro turno.
Sobre as demais pesquisas divulgadas na primeira metade das eleições, o analista considera “claramente um erro de metodologia”.
Ao comentar sobre os apoios dos candidatos à presidência derrotados Simone Tebet e Ciro Gomes, bem como o de Romeu Zema – reeleito para o governo de Minas Gerais, maior colégio eleitoral do país – a Bolsonaro, Pacífico sinalizou que “todo e qualquer apoio é significativo”, mas de não garantem transferência imediata de votos.