Quem é de fato mãe sabe o quanto a chegada de um filho reorienta as percepções da vida de uma mulher. Na vida de Beatriz Santos, de 24 anos, a chegada do filhinho Theo mudou inclusive o modo como ela olha para o dinheiro e organização financeira.
A maternidade acendeu uma especial preocupação com o futuro na estudante de ciências contábeis. “Ser mãe me mantém investindo. Se eu não fosse mãe, acredito que viveria uma vida pensando mais no presente, em como posso gastar meu dinheiro hoje, do que com o futuro e em como posso prosperar o meu dinheiro para o amanhã.”
É o zelo pelo filho que a faz poupar, criar reservas, e “sempre aproveitar oportunidades de render mais o meu dinheiro”. Os objetivos financeiros dela estão igualmente relacionados ao futuro de Theo, atualmente com quatro anos.
Com o sonho de ver o menino crescer “em uma boa estrutura, com um bom local para brincar e construir a base de sua história”, Beatriz tem a compra de uma casa como objetivo financeiro principal.
Obviamente, a jornada tem seus percalços, e requer diligência para discernir o gasto realmente necessário para hoje daquele do qual se pode abrir mão em prol de algo maior no futuro. “Não é fácil criar essa mentalidade”, admite Beatriz, “mas tenho certeza de que quando eu tiver a casa dos sonhos, com o quintal que desejo para o meu filho viver sua infância, vai ter valido a pena cada coisa que abri mão de comprar para investir”.
Mãe e filho ainda não conseguem ter uma conversa sobre investimentos propriamente dita, dada a pouca idade do pequeno, mas Beatriz usa os meios viáveis para desde já incutir conceitos de educação financeira na mente de Theo. “Costumo dar moedas para ele sempre que ganho troco e ensino ele a guardar no cofrinho.” Assim, quando o menino pede algo, mesmo que barato, ela o orienta a contar as moedas, “para ele já ir entendendo como funciona”.
Beatriz também pensa em ensinar o filhote a administrar uma mesada quando for mais velho, algo que considera boa oportunidade para ensiná-lo a poupar e investir. “Meu intuito é que ele aprenda desde novo a ter seu controle e usar sabiamente seu dinheiro.”
Focada na compra da casa, a estudante ainda não fez nenhum fundo de investimentos para Theo, e pensa no legado de uma herança para o filho como um benefício adicional e posterior à realização do sonho.
Identificar as próprias prioridades, objetivos e riscos é justamente o aspecto fundamental de um bom investimento, aprova Bruna Allemann, de 35 anos. Head da mesa internacional da Nomos e mãe de um rapaz de 16 anos, ela tem como maiores objetivos alcançar um bom colchão financeiro para arcar com os estudos do filho, Gabriel, e a aposentadoria.
Como cada mãe tem uma experiência única, o desenvolvimento da consciência financeira de Bruna foi bem diferente do de Beatriz. “Eu sempre fui extremamente consumista, e ser mãe piorou o consumo”, com a diferença de que as compras passaram a ser para o filho.
Levou tempo para perceber como os próprios hábitos impactariam o futuro de Gabriel, mas com o passar do tempo e a chegada de dificuldades financeiras, Bruna desenvolveu nova consciência. Ela conta que, hoje, ser mãe a mantém investindo.
Bruna revela que ainda não conversa muito com o filho sobre finanças, mas o contrário não é exatamente o mesmo. Gabriel aprendeu sobre o assunto na escola e teve a iniciativa de procurar a mãe profissional do mercado financeiros para tirar dúvidas e aprofundar o conhecimento.
O rapaz já faz investimentos em renda fixa, e Bruna mantém para ele, junto ao marido, uma previdência privada. O casal planeja incentivar o filho a investir no exterior quando completar 18 anos.
Nas redes sociais, Bruna conta sobre quando ela e o marido enviaram Gabriel para realizar o sonho de um intercâmbio na Alemanha. Ela, inclusive, fala abertamente sobre o quanto chorou por ver o filho ir embora por um mês.
Dá para entender. Afinal, seja com consciência financeira afiada, tardia ou inexistente, mãe é mãe.
*Escrito em conjunto com Thais Soares