A ação do Magazine Luiza [MGLU3] fechou a sessão desta terça-feira (12) em uma alta de 2,75%. Apesar disso, o ativo acumula quedas de 5,07% em setembro, 4,38% em 2023 e expressivos 45,19% nos últimos 12 meses.
Foi vendo este panorama que o analista técnico da Benndorf Research Filipe Borges projetou que MGLU3 pode cair 60% nas próximas semanas. O especialista apontou em post do Instagram que tanto no gráfico diário quanto no semanal o papel tem projeções negativas em sua avaliação.
No diário, o papel tem pivô de baixa, alinhando-se a tempos gráficos maiores. Além disso, o analista indica que a perda de interesse dos investidores pode impulsionar as quedas. Já no semanal, MGLU3 está rompendo uma figura denominada triângulo de longo prazo, após buscar uma retração no gráfico.
“Com isto, temos um alvo gigante na queda da ação”, afirmou Filipe.
Ele também enxerga que a empresa vem sofrendo com a falta de caixa, além de aumentar a antecipação de recebíveis de cartão, tornando sua situação mais crítica.
Não é só Filipe que sinaliza o momento ruim da empresa. Para quem olha fundamentos, a conclusão vai na mesma linha.
O analista de varejo da Eleven Financial, Niels Tahara, afirmou que os resultados fracos – impactados pelo baixo crescimento de vendas no e-commerce e as altas despesas financeiras – e a piora no cenário de crédito no primeiro semestre impactam a performance da companhia.
Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, aponta que, junto dos juros mais altos, o desempenho do ativo da empresa sofreu com o prejuízo significativamente maior no primeiro semestre deste ano em comparação ao ano passado.
No primeiro semestre deste ano, o prejuízo líquido da empresa cresceu 133,9% em relação ao mesmo período em 2022, passando de R$ 296,3 milhões para R$ 693 milhões.
A situação da empresa
Niels indica que a margem bruta vem sendo afetada pela reintrodução do Diferencial de Alíquota de ICMS. Apesar disso, o aumento da margem de serviços levou a empresa a atingir uma margem bruta de 28,8% no segundo trimestre de 2023.
“Um ambiente mais racional de taxas também possibilita que a Magazine Luiza continue a capturar ganhos na margem de serviços.”
No entanto, ao se olhar para o resultado do 2T23 da companhia, podemos ver um recuo na margem Ebitda de 2 p.p. entre trimestres e de 1,2 p.p. entre os primeiros semestres de 2023 e 2022.
Vitorio destaca que a empresa vem enfrentando uma sequência de resultados ruins, com baixo crescimento e uma piora nos indicadores financeiros como um todo.
Futuro
O curto e o médio prazo parecem não oferecer uma boa perspectiva para o Magazine Luiza. Vitorio acredita que o setor varejista como um todo segue com problemas crônicos como margens pressionadas, prejuízos exorbitantes e aumentos no endividamento e inadimplência.
“Enquanto a economia estiver pressionada, inflação alta, juros altos e estrutura de capital apertada das empresas […] acho que para o setor como um todo, isso acaba sendo ruim, […] fica difícil gerar resultado no curto prazo”, afirmou.
Niels pondera que a companhia deve apresentar prejuízo líquido em 2023, sofrendo com “altos encargos financeiros e com arrendamento”.
Apesar disso, o analista vê uma melhora gradual para o próximo ano, prevendo um retorno no lucro em 2024. Para ele, a empresa deve ser beneficiada por uma melhora no cenário macroeconômico diante da queda nos juros e estabilização da inadimplência.