Papel do Ibovespa com maior rentabilidade em 2022, CIEL3 avançou mais de 140% no ano passado. Depois de quatro anos consecutivos de queda, em meio a um cenário de muita competição no mercado de adquirência, as ações da Cielo voltaram a subir, em um movimento de “repique”, segundo Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial.
A Cielo passou por um processo de reestruturação muito bem executado em 2022, de acordo com Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, “apresentando crescimento do volume de transação e redução de custos e despesas, além de ter consigo aumentar sua participação de mercado, após vários anos perdendo share”, explica ele.
Apesar disso, a tendência é que a CIEL3 mantenha sua estratégia de buscar maiores rentabilidades e controle de despesas em vez de “apenas focar no crescimento e ganho de participação de mercado”, disse Niels.
Para a Benndorf, se a estratégia for bem executada, pode se refletir em um bom momento para os papéis neste ano.
Apesar disso, Niels tem perspectiva de que a concorrência continue crescendo e que haja rápida adoção de novas tecnologias no segmento, “o que acaba trazendo muitas incertezas para o longo prazo”. Por tal motivo, o analista acredita que é melhor se manter fora do papel.
Já para o analista da Eleven, a realização recente está em um patamar interessante de entrada.
Competitividade é o principal desafio
“No [mercado] de maquininhas de cartão de crédito, que passou por uma disrupção muito grande ao longo dos últimos anos, nós vimos uma enxurrada de novas entrantes, no que era dominado até pouco tempo atrás por duas companhias apenas”, afirma Daltozo.
Até meados de 2017, o mercado de maquininhas de cartão era dominado por Cielo e RedeCard. Por volta de 2018, novas empresas do setor foram surgindo e ganhando importância, como Getnet, Safra e PagSeguro, aumentando a concorrência no segmento.
A maior competição se deu em um cenário de juros extremamente baixo, com a Selic por volta de 2%. Agora, com os juros a 13,75%, “empresas mais novas e até menores acabam não tendo tanta vantagem competitiva”, explica Carlos.