DISCLAIMER: o texto a seguir trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.
Parece um tanto contraditório. Como assim posso maximizar os meus resultados focando em operações com lucros menores? Explico.
Ganância à vista
Quando ainda era iniciante nos trades, meu sonho era realizar operações que proporcionassem os maiores ganhos possíveis, e assim o meu objetivo era evitar desperdícios de movimentos do ativo e obter a maior pontuação possível.
Afinal a lógica era, quanto mais pontos ou ticks eu obtiver na minha operação, maior será o resultado financeiro. Matematicamente fazia todo sentido, até que descobri que na prática os resultados não eram tão bonitos assim.
Na prática, o romantismo do gráfico parado se desvanecia. A tentativa de participar de grandes pernadas, ou seja, movimentos mais longos compostos de muitos pontos, implicava em colocar um stop mais longo, de maneira que o preço pudesse trabalhar o zig-zag dentro da sua volatilidade típica, e assim eu pudesse seguir posicionado na operação, mesmo após alguns recuos, também chamados de pullback.
E assim entrava nas operações, torcendo pelo gain e sofrendo quando o preço voltava. Entretanto o mais dolorido pra mim era quando após a operação ter andado uma boa quantidade de pontos, acabava voltando e devolvendo todo movimento. Nessa situação o sentimento de ter feito a escolha errada era forte. Na minha cabeça o pensamento era: “por que eu não encerrei a operação enquanto estava no ganho?”.
E baseado nisso comecei a matar as operações após uma certa quantidade de pontos. Pronto, tudo parecia resolvido. Só parecia…
Algumas vezes entrava na operação, o preço andava até o meu alvo e eu saía da operação feliz a vida, mas logo em seguida o preço continuava na tendência e andava muito mais pontos além daqueles poucos que já havia realizado. Já sabemos que a vida do trader é repleta de emoções, e agora um novo sentimento acabava de surgir, era o sentimento de arrependimento por ter saído muito cedo da operação, uma vez que ela andou muito mais do que o esperado.
O meio termo
No início das minhas atividades como trader, talvez pela falta de informação, era mais difícil identificar os pontos de exaustão, os suportes e resistências, para assim determinar até onde o preço teria mais chance de chegar. Hoje mesmo com mais conhecimento e melhor leitura, tenho a consciência de que esses pontos são referências e são pontos prováveis, pois o mercado é soberano e tudo pode acontecer com o preço durante o pregão.
Sendo assim, o dilema estava posto. O ativo pode andar pouco algumas vezes e andar muito outras vezes. Quando andava pouco e eu estava tentando buscar muito, tomava loss. Quando andava muito e eu buscava pouco ficava frustrado por ter obtido tão pouco. Como solucionar esse dilema.
Foi aí que comecei a estudar uma solução intermediária que pudesse aproveitar movimentos curtos e ao mesmo tempo participar dos mais longos. A realização parcial parecia uma solução razoável, mas não perfeita.
Sabemos que toda vez que uma realização parcial é feita, deixamos de seguir por todo o movimento do ativo com a quantidade original de contratos, e isso reduz os ganhos financeiros. Por outro lado, também sabemos que ao fazer a realização parcial, estamos colocando uma parte do dinheiro da operação no bolso e garantindo uma parcela do lucro.
Com essas vantagens e desvantagens, cabia a mim realizar cenários e simulações para ajustar um meio termo. E assim fiz.
Consequência emocional
Comecei a notar que ao realizar a parcial, diminuía não a apenas a quantidade de contratos em aberto na operação, mas também reduzia o medo de tomar um stop caro. Com isso o meu emocional durante a operação ficava mais ameno e me permitia seguir com a operação até o alvo final planejado. Diminuíram também as vezes que eu matava a operação por medo do preço voltar. Agora com a realização parcial, se o preço voltasse, eu já tinha garantido uma parte do lucro.
Com os estudos e simulações, foi notando que fazer a realização parcial com a maior parte dos contratos originais, garantia rapidamente o um lucro e mesmo que os restantes (e menor parte) dos contratos voltassem, ainda assim esse loss seria compensado pelo gain da parcial. Isso me deixava mais tranquilo para operar.
Essa experiência me ensinou uma lição valiosa: no day trade, é essencial garantir lucros quando eles estão disponíveis. A realização parcial permite isso, ao mesmo tempo em que mantém uma parte da posição aberta para capturar potenciais ganhos adicionais.
Em resumo, a realização parcial é uma ferramenta poderosa para os traders que buscam maximizar seus lucros no day trade. Ao garantir ganhos parciais ao longo do caminho e estabelecer metas mensais realistas, os traders podem reduzir o estresse emocional e aumentar sua confiança no mercado financeiro.
O início de minha jornada no day trade foi marcada por altos e baixos, mas ao adotar a estratégia de realização parcial, pude colher os frutos de meus esforços de forma mais consistente. Se você é um trader iniciante, considere incorporar a realização parcial em sua própria estratégia e note se isso pode fazer a diferença em seus resultados financeiros.
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* Gil Garcia é engenheiro com pós-graduação pela Unicamp, cursos de Investimentos e Intermediação Financeira pela FGV, e MBA em Economia Financeira. Buscando aprimorar o conhecimento do comportamento humano no mercado possui pós-graduação em Psicanálise.
É sócio da 2MV, atua como trader desde 2006, destacando-se como especialista em gestão de risco e planejamento. Consultor em processos de melhoria contínua, palestrante e educador nas áreas de investimentos pessoais, educação financeira e planejamento.