Mercado Livre mira o setor farmacêutico e pode pressionar grandes redes

O Mercado Livre está avaliando sua entrada no mercado de farmácias no Brasil por meio da aquisição de uma drogaria em São Paulo. A possível movimentação indica a intenção da gigante do e-commerce de expandir sua atuação em um setor que movimenta entre R$ 140 bilhões e R$ 150 bilhões por ano no país.

Expansão no varejo farmacêutico pode impactar concorrência

A presença do Mercado Livre no varejo farmacêutico levanta preocupações entre as grandes redes do setor. Empresas como RD Saúde (RADL3), Pague Menos (PGMN3) e Panvel (PNVL3) podem ser diretamente impactadas, especialmente em um mercado onde a recorrência nas compras (como no caso de medicamentos de uso contínuo) é um fator-chave.

A estratégia pode incluir a utilização de farmácias locais como pontos de apoio logístico, seguindo o modelo já adotado pela empresa em outros segmentos. Com isso, o Mercado Livre poderia criar uma malha de distribuição ágil e descentralizada, aumentando sua capilaridade urbana e aproximando-se ainda mais do consumidor final.

Logística será fator decisivo na disputa com redes tradicionais

Apesar do potencial de crescimento, a competição não será simples. As redes farmacêuticas já estabelecidas oferecem entregas extremamente rápidas em diversas regiões do país, com prazos que podem variar de 30 minutos a poucas horas.

Para se destacar, o Mercado Livre precisará adaptar sua operação e superar o desafio logístico, uma vez que a velocidade de entrega é um diferencial valorizado por consumidores, especialmente em situações que envolvem medicamentos.

Se a operação for ampliada em larga escala, principalmente na região metropolitana de São Paulo, as redes atuais poderão perder participação de mercado. Isso se agrava diante das margens reduzidas do setor, onde o preço é um fator decisivo na escolha do cliente.

Mudanças regulatórias também ameaçam o setor

Além da entrada de novos players, o setor farmacêutico pode passar por uma transformação regulatória. Está em discussão a liberação da venda de medicamentos em supermercados, medida que ainda aguarda votação no Senado. A proposta, se aprovada, aumentaria a concorrência e mudaria significativamente o formato tradicional de venda de remédios, ampliando o acesso da população aos produtos.

Mercado Livre pode adotar modelo de expansão com drogarias locais

A aquisição de uma drogaria em São Paulo pode ser apenas o primeiro passo de um plano mais amplo, que prevê a compra de farmácias em pontos estratégicos do país. O objetivo seria formar uma rede nacional com ampla capilaridade, aproveitando a robusta estrutura logística da empresa para oferecer prazos competitivos de entrega.

Apesar disso, redes tradicionais ainda mantêm certas vantagens competitivas, como o atendimento presencial e personalizado nas lojas físicas, além da confiança construída ao longo do tempo com seus públicos locais.

Concorrência deve se intensificar nos próximos anos

Com a possibilidade de atuar também na venda de medicamentos controlados (além de itens de higiene, perfumaria e medicamentos isentos de prescrição) o Mercado Livre pode destravar um novo mercado bilionário em sua plataforma digital. Isso aumentaria o tráfego, o engajamento e a recorrência de compra em um dos segmentos mais resilientes do varejo.

A entrada de um player com capacidade de investimento, tecnologia avançada e expertise logística promete intensificar a concorrência e acelerar a transformação digital no setor farmacêutico.

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