Os fundos da Riza Asset passaram praticamente invictos pelas três ondas do mercado, afirma Renato Jerusalmi, gestor de renda fixa e variável da casa. Tal se deve à estratégia de investimentos da gestora, muito concentrada em setores anticíclicos e defensivos.
“80% do portfólio está no setor elétrico – geração, transmissão, distribuição –, setor de saneamento, no setor de rodovias e nos quatro, cinco maiores bancos do Brasil”, comentou em vídeo exclusivo para as instituições distribuidoras dos fundos da Riza.
Tal seletividade no posicionamento deixa os portfólios da asset com risco muito baixo de crédito, prossegue Jerusalmi, destacando também o elevado nível de diversificação dos fundos.
“Nós temos mais de cem emissores [de ativos]. Inclusive, os nossos fundos não sofreram tanto com o caso de Light e Lojas Americanas.” Ele ressalta que a performance dos fundos da casa ainda estão positivos no ano.
A despeito das três ondas pelas quais o mercado brasileiro passou em 2023, a Riza não vê um risco sistêmico de crédito com o qual se preocupar.
Sobre o caso da Lojas Americanas [AMER3], primeira onda e “a maior fraude da história do mercado de capitais”, definiu Jerusalmi, “o mercado até que absorveu bem esse impacto negativo nos fundos, porque entendeu que foi um caso isolado” , pondera.
A segunda onda, o problema na renovação de concessão da Light [LIGT3], também é vista como caso isolado. Renato Jerusalmi lembra que o evento não foi se originou de algo concreto efetivamente, mas sim da repercussão da notícia da contratação da Laplace, uma empresa de reestruturação, pela distribuidora de energia. “E, depois dessa notícia, tanto os bônus como as debêntures caíram muito no mercado secundário.”
A subsequente reprecificação geral do mercado de crédito, também conhecida como terceira onda, foi o principal evento para a Riza, posto ter desencadeado uma aversão ao risco entre investidores que levou a um massivo resgate dos fundos.
O cenário, ainda assim, não é para pânico. “Na hora em que a gente olha a Selic, apesar de estar muito alta, a alavancagem das empresas do high grade [isto é, empresas bem avaliadas pelas agências de classificação de crédito] é em torno de uma vez a duas vezes” – ou seja, suficiente para conseguir arcar com os juros.
“Essas empresas continuam saudáveis”, comenta Jerusalmi, mencionando também a estabilidade no mercado de crédito durante a primeira quinzena de março. “Na medida que existe essa estabilidade, a tendência é que os fundos comecem a rodar acima do CDI, e isso deve começar a atrair capital novamente para os fundos”, conclui o gestor.