Na dúvida sobre como aplicar o 13º? Confira recomendações de analistas e veja o que serve para você

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Pagar contas, viajar, ir às compras ou guardar? Com a chegada do fim do ano e da primeira parcela do 13º, questões relacionadas à melhor forma de utilizar o valor surgem, mas não há respostas certas sobre o que fazer: tudo depende do momento financeiro de cada um. 

Para quem tem dívidas, a recomendação é primeiro focar em quitá-las antes de investir, pois o retorno de um investimento dificilmente será maior que os juros de um empréstimo ou financiamento, visto que costumam ser altos, segundo o planejador financeiro CFP®️ João Bertelli.

“Os efeitos dos juros compostos em dívidas podem ser perversos no longo prazo, então o recomendável é evitar essa força contra o bolso”, afirma.

Ele complementa que as dívidas do cartão de crédito e cheque especial devem ser priorizadas no momento da quitação, já que costumam ter os juros mais altos que os outros empréstimos.

Se as dívidas estiverem sob controle e a reserva de emergência já existir, investir é o próximo passo. A partir disso, o investidor deve buscar aplicações compatíveis com seu perfil de risco e objetivos financeiros. 

“Investir a primeira parcela do 13º fará seu dinheiro crescer a médio e longo prazo, permitindo que ele [o investidor] se proteja da inflação, aproveite o poder dos juros compostos e tenha mais capacidade de realizar objetivos financeiros no futuro”, explica. 

Reserva de emergência pode ser um começo

Bruna Allemann, head de mercado internacional da Nomos, diz que “o bom e velho arroz com feijão nunca sai de moda”, indicando o Tesouro Direto – mais especificamente as LFTs – e o Certificado de Depósito Bancário (CDB). 

Ela argumenta que, além de ser um investimento de baixo custo, o Tesouro é considerado um dos mais seguros do mercado e o primeiro passo para quem quer sair da poupança. “Para a reserva de emergência, a escolha deve ser o Tesouro Selic”, adiciona.

O CDB – um “empréstimo” do investidor para os bancos, que devolvem o valor acrescido com juros – também é considerado um investimento bastante seguro por ser garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Para reserva, a escolha deve ser o CDB de liquidez diária, preferencialmente de grandes bancos.

“Ressalto que o retorno não é o mais importante para este objetivo. E sim o equilíbrio do tripé dos investimentos: segurança, rentabilidade e liquidez”, diz.

Para quem já tem a reserva e pretende começar a aplicar, é mais fácil direcionar os investimentos por meio dos objetivos financeiros. Independentemente das condições de mercado, eles fazem uma pré-definição dos produtos ideais para o prazo desejado, explica Allemann.

Ela compartilha que para objetivos de curto prazo, de até um ano, o ideal são aplicações sem risco e com liquidez, como as que servem para a reserva de emergência, enquanto em objetivos de um a cinco anos, o foco deve ser em aplicações de renda fixa com prazo maior, como CDBs, LCIs e títulos do Tesouro com mais de um ano.

Já para objetivos acima de cinco anos, o investidor deve entrar nos citados anteriormente, mas também em ações, fundos de ações, fundos multimercados, fundos imobiliários e investimentos no exterior. 

Pensando no cenário atual da economia nacional e global, se for válido nos objetivos do investidor, Bruna lista títulos de renda fixa pré-fixados, fiagros e títulos de renda fixa internacional como indicações.

Considerando que há expectativa de que a Selic cairá ainda mais, os títulos pré-fixados garantem uma boa rentabilidade, além de evitar surpresas, visto que o investidor sabe desde o início a taxa de retorno de sua aplicação. 

“Se a taxa de juros está subindo, é uma boa olhar para investimentos como o Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária, que rendem mais conforme a taxa de juros sobe. Mas se a taxa está caindo, é hora de olhar para títulos pré-fixados que garantem bons rendimentos por mais tempo”, frisa.

Já os fiagros podem ser oportunidade em um dos maiores setores que movimentam a economia do país, principalmente nos momentos de valorização do dólar, enquanto os títulos de renda fixa internacional possibilitam que o investidor garanta uma boa taxa de juros pré-fixada nos bonds e Treasuries.

Falando de renda variável

Quem deseja “passar de fase” e começar a arriscar mais, deve focar em alocação bem diversificada em 2024, de acordo com Régis Chinchila, head de research na Terra Investimentos. 

Para aplicações com foco em commodities, Chinchila destaca Vale [VALE3] e Marfrig [MRFG3], que podem passar por uma retomada no próximo ano, consequente da esperada contração na inflação americana e estímulos da economia chinesa. 

A Vale, mesmo depois de um rali recente, continua tendo múltiplos interessantes e paga bastante dividendo. Já a Marfrig é uma empresa com uma aposta um pouco mais arrojada, mas que também tem a possibilidade de ter bons números em 2024, principalmente recuperação de margem”, explica.

Para o mercado local, Régis afirma que a projeção de que os cortes na Selic devem ir até um patamar inferior a dois dígitos será um componente muito interessante e positivo para as companhias, pois o custo de capital delas diminui. 

“Eu tenho olhado bem de perto a Localiza [RENT3], que é uma empresa que depende muito desse capital de giro. Caindo o custo de capital médio, deve ser bastante interessante para questão de refinanciamento também”, argumenta.

Chinchila também comenta que tem monitorado o papel da Renner [LREN3]. Apesar de não ter ganhado força na alta de recuperação, a companhia também é bem capitalizada e pode ser uma opção interessante para investir em 2024.

Outro papel que o especialista destaca é Bradesco [BBDC4] que, mesmo vindo de alguns trimestres de “emoção e dificuldade”, principalmente quanto à inadimplência, deve ser impulsionado conforme for negociando as dívidas a partir da queda dos juros.

Para manter distância

Bruna Allemann diz que não são necessariamente opções para não investir, mas o investidor deve ter cautela com dois produtos específicos no momento: títulos de renda fixa pós-fixado e empresas imobiliárias no exterior.

Títulos pós-fixados podem se tornar um problema justamente pela queda de juros já esperada, enquanto imobiliárias no exterior são afetadas com a alta de juros, ficando mais caro para controlar a inflação. Dessa forma, o crédito fica menos acessível, afetando o mercado imobiliário diretamente. 

“O ideal é esperar os impactos da alta de juros, a estabilização do preço das ações e, aí sim, na perspectiva de crescimento econômico, ir às compras desses ativos”, recomenda.

No fim, o importante é não usar o 13º para ganhos que parecem fáceis e que no fim podem fazer o capital do investidor ir embora, afirma Régis Chinchila.

“O ideal é não investir em alternativas que você não tenha firmeza ou não tenha muita informação sobre, que costumam ser as pegadinhas do mercado. Esse ganho fácil e rápido é do que o investidor deve fugir.”

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