Não é o fim do mundo: saiba como investir em meio ao risco fiscal

investir no risco fiscal
por Rodrigo Correa

 

Vivemos, atualmente, um período de incertezas no mercado financeiro brasileiro. O cenário econômico tem sido desafiador, com desvalorização cambial, elevação das taxas de juros de médio e longo prazo e uma bolsa de valores que enfrenta dificuldades. Esse ambiente decorre, em grande parte, do que chamamos de risco fiscal – a percepção de que o governo enfrenta dificuldades em gerir o orçamento, o que eleva a expectativa de aumento da dívida pública.

A preocupação não é infundada. Estimativas do mercado indicam que, até 2026, a relação Dívida Líquida/PIB pode subir entre 7% e 8% em relação ao início do atual governo. No entanto, é crucial lembrar que o cenário atual não é definitivo. O futuro ainda pode reservar oportunidades e, como investidores, precisamos manter a serenidade e o foco no que podemos controlar.

1. 2026 Está Logo Ali – O Ciclo Político Importa

Nenhum governo, independentemente de sua orientação política, deseja chegar às eleições enfrentando um ambiente macroeconômico negativo. Governos que perdem o controle da economia são penalizados nas urnas. Assim, é provável que medidas corretivas sejam tomadas para evitar um cenário fiscal desastroso. O ciclo político, portanto, funciona como um limitador de excessos econômicos.

Embora os desafios fiscais sejam reais, o mercado financeiro é dinâmico e responde rapidamente a qualquer sinal de ajuste nas políticas econômicas. Isso significa que, em momentos de maior pessimismo, surgem também as melhores oportunidades.

2. Sempre Há Algo Que o Investidor Pode Fazer

Mesmo quando não podemos mudar o panorama macroeconômico, podemos adotar estratégias para proteger nosso patrimônio e aproveitar as oportunidades disponíveis.

2.1. Dolarização da Carteira:

Se as expectativas para a economia local são negativas, uma alternativa é alocar parte do portfólio em ativos atrelados ao dólar. A dolarização ajuda a proteger o poder de compra do investidor e a mitigar os efeitos da desvalorização cambial. Isso pode ser feito por meio de fundos internacionais, ações estrangeiras ou ETFs que acompanhem o mercado global. Na XP, a abertura de uma conta nos Estados Unidos e o envio de dinheiro são muito simplificados e feitos através de uma simples confirmação no app (“push”).

‘Ah, Rodrigo, mandar reais para transformar em dólar agora não dá…’ Bom, sempre tem dois lados nessa história:

1.Se agora não dá, é porque o preço é temporário e irá retornar a patamares mais civilizados – então, não há por que estar pessimista.

2.Se você realmente está preocupado e não sabe do futuro, é melhor enviar dinheiro agora do que sentir saudades do dólar a R$ 5,90. Sempre há essa possibilidade. Nunca se engane: o dólar mais caro possível é aquele que você não tem, mas gostaria de ter tido.

Não precisa ser economista ou analista do mercado financeiro para saber que estamos numa constante, gradual e inequívoca desvalorização cambial. Há 15 anos, o dólar custava dois reais. Hoje custa seis. E pode, em 5 anos, estar a sete, oito. Essa dinâmica não está nas suas ou nas minhas mãos para controlarmos ou nos preocuparmos com ela. O que está em nossas mãos é se proteger dela por meio da diversificação global e da dolarização de ativos. Já tem parte do seu portfólio dolarizado?

2.2. Construção Patrimonial Constante:

Independentemente do cenário econômico, a construção de patrimônio de longo prazo não pode ser negligenciada. Isso envolve a consistência nos aportes em investimentos, mesmo em períodos de volatilidade.

Reclamarmos do ambiente macroeconômico não muda os fatos, mas manter a disciplina nos investimentos muda nosso futuro financeiro. Este é o momento de “fazer a lição de casa”: ajustar e manter aportes regulares. Esse ritual deve ser contínuo e constante; em bons ou maus momentos (macroeconômicos). Bora focar no que importa?

3. Hora de Aproveitar as Oportunidades em Previdência Privada

Estamos no final do ano, o que representa uma excelente oportunidade para avaliar os aportes em previdência privada. Se você investe em PGBL, por exemplo, pode deduzir até 12% da sua renda bruta anual no Imposto de Renda, reduzindo a carga tributária. Se ainda não começou a investir em previdência, este é o momento ideal para iniciar e garantir uma base sólida para o futuro.

Farei uma ‘semana da previdência privada’ (29/nov a 05/dez) em meu canal no Instagram (@RoCorreaOficial), onde tentarei convencê-lo de que previdências privadas são para todos, sem exceção. Se você discorda de mim, peço apenas que participe assistindo aos vídeos e me dê a chance de provar que estou certo. Ou me dê ao final seu feedback sobre o porquê de discordar de mim. Vamos crescer juntos?

Conclusão: O Futuro Ainda Pode Surpreender Positivamente

Embora estejamos em um momento de expectativas econômicas desafiadoras, isso não significa que o futuro será sombrio. O mercado financeiro tem a capacidade de se ajustar, e nós, como investidores, também devemos fazer o mesmo. A disciplina, a diversificação e a constância nos aportes são nossas melhores ferramentas para superar períodos de turbulência.

Lembre-se: investir é um processo de longo prazo. A construção de um patrimônio sólido depende mais de resiliência e constância do que das circunstâncias externas. Faça sua parte, ajuste suas estratégias e mantenha o foco. O momento difícil pode ser a semente de grandes conquistas futuras.

Ao longo do tempo, picos e vales serão os companheiros dos investidores. Estamos apenas passando por um potencial vale à frente. O mundo está longe de estar acabando!

Bons investimentos!

O texto trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

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