Não tem mágica: streaming e cinema da Disney fazem ação disparar 10%

Após um período turbulento, a Walt Disney Company (DISB34)  demonstra sinais claros de recuperação, com lucros acima das expectativas no quarto trimestre fiscal de 2024. A estratégia bem-sucedida de Bob Iger, que retornou como CEO em 2022, está gerando frutos, colocando novamente a Disney no radar dos investidores. Ao longo deste ano fiscal, a Disney aproveitou sucessos no cinema, crescimento no segmento de streaming e uma gestão mais cautelosa nos parques temáticos para reverter perdas e impulsionar o otimismo em torno do futuro da companhia.

Cinema e Streaming: As Estrelas do Ano

A recuperação do estúdio de cinema foi marcada por sucessos arrebatadores, como *Inside Out 2* e *Deadpool & Wolverine*, que juntos renderam mais de US$ 3 bilhões globalmente. Em particular, *Inside Out 2* tornou-se a animação de maior bilheteria de todos os tempos, enquanto *Deadpool & Wolverine* quebrou recordes como o filme R-rated mais lucrativo. Esses lançamentos ajudaram a Disney a converter o que anteriormente era um setor deficitário em uma divisão lucrativa, com um ganho de US$ 316 milhões no trimestre, em contraste com a perda de US$ 149 milhões registrada no ano anterior.

O crescimento no segmento de streaming foi outro ponto alto, com o Disney+, Hulu e ESPN+ registrando lucros significativos. O número de assinantes do Disney+ superou expectativas, atingindo 158,6 milhões, com um incremento notável nas receitas devido a aumentos de preços e expansão do serviço. Essa guinada, após anos de pesados investimentos, reflete uma mudança estratégica para fazer do streaming um centro de lucros sustentável, especialmente em um cenário de declínio da TV a cabo.

Parques Temáticos: Recuperação Lenta, Mas Sólida

Os parques temáticos da Disney, que historicamente são o pilar mais lucrativo da empresa, enfrentaram alguns desafios, especialmente nos mercados internacionais. A competição dos Jogos Olímpicos em Paris reduziu a afluência ao Disneyland Paris, e o aumento dos custos operacionais, incluindo a introdução de dois novos navios de cruzeiro, pressionou os lucros. Ainda assim, a Disney projeta um crescimento de 6% a 8% para essa divisão em 2025, com foco em uma experiência aprimorada para visitantes e novos investimentos significativos em infraestrutura.

De olho no futuro, a Disney planeja investir US$ 60 bilhões em seus parques e cruzeiros ao longo dos próximos 10 anos, dobrando as apostas em experiências imersivas e atraindo turistas globais. O CFO da Disney, Hugh Johnston, destacou que o aumento no gasto per capita dos visitantes nos parques domésticos e nos cruzeiros é um bom indicativo de que a empresa está conseguindo agregar valor à experiência do consumidor, mesmo em um ambiente de custos elevados.

A Transição para o Streaming e o Desafio da TV Tradicional

Enquanto o streaming desponta como o futuro da Disney, a TV tradicional apresenta um quadro desafiador. As receitas dos canais de televisão da Disney, incluindo o ABC e canais a cabo como o FX e o Disney Channel, caíram 6% em comparação ao ano anterior, enquanto o lucro dessa divisão encolheu 38%, com um total de US$ 498 milhões no trimestre. A queda se deve a um declínio na receita publicitária e ao impacto de um novo acordo com a Charter Communications, que incluiu a exclusão de algumas redes da Disney em troca de maior distribuição para o Disney+ e ESPN+.

Essa transição para o streaming reflete uma aposta de longo prazo que muitas empresas de mídia estão adotando. Contudo, a Disney enfrenta o desafio de equilibrar o crescimento da sua nova divisão digital com a gestão de um setor de TV tradicional em retração, que ainda representa uma fatia significativa de suas receitas. Para mitigar essa transição, a Disney tem apostado em um modelo híbrido, aumentando preços, diversificando a oferta com o lançamento de conteúdo premium e capitalizando sua marca sólida.

Liderança e Planejamento para o Futuro

Bob Iger, que retornou ao cargo de CEO após um período de aposentadoria, implementou uma série de medidas para revitalizar a Disney. Desde cortes de custos até ajustes estratégicos em preços, Iger conseguiu melhorar a margem de lucro em várias divisões. No entanto, um dos maiores desafios do executivo é a sucessão: o Conselho de Administração se comprometeu a nomear um novo CEO até o início de 2026, sob a supervisão de James Gorman, ex-CEO do Morgan Stanley e futuro presidente do conselho.

Iger, que tem mantido um foco constante na criatividade e inovação, acredita que a retomada do crescimento da Disney está ligada à força de sua marca e à habilidade de se adaptar ao cenário digital. A expectativa é que o novo líder continue essa trajetória, impulsionando o desenvolvimento de novas IPs, aumentando o envolvimento digital e explorando mercados globais.

Perspectivas e Expectativas do Mercado

Com a recuperação nas telonas, o crescimento do streaming e um plano robusto para os parques, a Disney parece ter encontrado uma fórmula para manter a relevância e prosperar em um setor de entretenimento em rápida transformação. Os analistas esperam um 2025 promissor, com previsão de recompra de ações no valor de US$ 3 bilhões e crescimento de dividendos alinhado aos lucros, mantendo os investidores confiantes na capacidade de inovação da companhia.

O desafio para a Disney será manter o equilíbrio entre inovação digital e as operações tradicionais, enquanto concilia a necessidade de crescimento com uma base de consumidores cada vez mais exigente. Ao seguir esse plano ambicioso, a Disney busca reafirmar seu papel como líder global no setor de entretenimento e abrir portas para uma nova era de experiências imersivas e narrativas icônicas.

 

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