O Ministério dos Transportes anunciou nesta semana que irá investir até R$ 40 bilhões adicionais em ferrovias. Logo após a divulgação do novo investimento, o Itaú BBA reiterou a recomendação para a Rumo [RAIL3] e elevou o preço-alvo da ação de R$ 24,00 para R$ 30,00.
Apesar da coincidência temporal, o analista da Levante Christian Oliveira explica que a alteração na recomendação não foi motivada pelo anúncio do investimento, mas por uma análise mais favorável das próximas perspectivas da empresa, obtida por meio da consolidação dos resultados divulgados no segundo trimestre de 2023 e das visões otimistas para as revisões tarifárias.
“A principal razão subjacente a essa revisão reside em uma visão mais positiva do desempenho operacional futuro da empresa, centrada nos ativos já existentes”, afirmou.
Devido a ataques criminosos, que resultaram em saques aos vagões de carga da companhia, e atos de vandalismo nas vias próximas à Baixada Santista no primeiro trimestre de 2023, a Rumo passou por paralisações temporárias, o que impediu o desenvolvimento de algumas atividades operacionais na região. Consequentemente, os volumes transportados pela empresa diminuíram.
Apesar do cenário negativo, quando comparado ao ano anterior e ao trimestre anterior, ainda assim a organização conseguiu mostrar um aumento nos volumes, impulsionado por uma demanda robusta por transporte de grãos.
Segundo Christian, o aumento dos volumes neste trimestre, embora ligeiramente abaixo das expectativas de mercado, sugere que os riscos operacionais relacionados aos incidentes criminais estão sob controle. “A falta de um crescimento extremamente robusto nos volumes foi amplamente equilibrada por uma tendência positiva nos preços”, explicou.
A empresa optou por um ajuste menos pronunciado no Ebitda em comparação com a revisão dos volumes projetados, o que sugere que a Rumo antevê uma tendência positiva no que diz respeito aos fretes nos próximos trimestres, fortalecendo uma visão otimista em relação às tarifas e à lucratividade.
No contexto do programa do governo, os projetos relacionados às linhas ferroviárias têm o potencial de intensificar a concorrência para a empresa, particularmente aqueles voltados para o Arco Norte. No entanto, esses projetos enfrentam desafios em termos de execução, o que provavelmente resultará em prazos mais estendidos.
A Ferrogrão, por exemplo, está enfrentando obstáculos legais e questões ambientais devido ao impacto em áreas do Parque e da Floresta Nacional do Jamanxim. Essa ferrovia foi incluída no plano em estágio de estudos, porém ainda não há previsão orçamentária nem prazo definido para o início da sua construção.
“É nossa percepção que os investimentos em curso realizados pela Rumo, especialmente na expansão da Malha Norte até Lucas do Rio Verde, desempenham um papel crucial na manutenção da competitividade da rede ferroviária da empresa”, argumentou Christian.
Recomendações
RAIL3 é a principal escolha do BBA no setor de logística, sendo o nome preferido do banco devido a três aspectos: resultados da companhia no 2T23, guidance atualizado e menor custo de capital próprio. A previsão do Ebitda para 2024 avançou 5%, o que significa um crescimento de 24% ano a ano.
Além da Rumo, Christian diz ter uma visão favorável da abordagem da Vamos [VAMO3], que detém vantagens competitivas no mercado de locação de caminhões e apresenta um notável potencial de crescimento, caracterizada pela fragmentação ainda em estágio inicial.
Outra alternativa é a JSL [JSLG3], que atualmente está consolidando o cenário fragmentado do mercado de serviços logísticos no Brasil, através da estratégia de fusões e aquisições.
A holding que controla ambas as empresas, a Simpar [SIMH3], também é uma possibilidade favorável.