O bom, o mau e o feio nas opções de vencimento semanal

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Começou nesta segunda-feira (29) a negociação de opções de vencimento semanal para ações e ETFs na B3. Conhecidas de longa data em Wall Street, a novidade promete sofisticar ainda mais o mercado de opções nacional – que já é um dos mais desenvolvidos do mundo, segundo Thalita Forne, gerente de Produtos Listados na B3.

O principal impacto do lançamento é a introdução de mais flexibilidade e agilidade no mercado de opções, comenta Erik Rodrigues, CEO da Jumba, startup de tecnologia voltada para o mercado de opções. 

A novidade deve atrair novos players com objetivos diferentes, prossegue, trazendo liquidez até para papéis que não apresentavam liquidez em opções. Em contrapartida, os papéis já muito negociados podem sofrer efeito de piora na liquidez, dada a divisão entre os vencimentos.

Serão 15 derivativos de vencimento semanal disponibilizados inicialmente. [Fonte: B3]

Ademais, os custos das opções ficam mais baratos nos derivativos semanais, reduzindo os custos de operações para os players. “Significa que os investidores têm a capacidade de ajustar suas estratégias com maior frequência.”

“Opções semanais já são uma realidade nos principais mercados globais e essa demanda por vencimentos mais curtos, que permitam a concretização de novas estratégias por parte dos investidores, chegou até nós”, comentou Thalita Forne no portal oficial da Bolsa brasileira.

Nada de novo debaixo do sol

Novas estratégias não definem exatamente o que os novos derivativos proporcionam, diz Erik Rodrigues. A principal diferença entre as opções de vencimento mensal e semanal serão mudanças no perfil de utilização de cada estratégia. 

“Ou seja, estratégias que não funcionavam em determinado cenário agora passarão a funcionar”, explica. Aqui, “funcionar” significa maior probabilidade de lucro. O funcionamento das estratégias varia de acordo com os regimes de volatilidade das opções, acrescenta o especialista. 

“Tenho a impressão de que estratégias que se beneficiam com a passagem de tempo terão bastante êxito”, acrescenta, fazendo referência ao time decay – isto é, diminuição gradual do valor das opções ao longo do tempo –, o qual deve afetar mais profundamente a precificação dos derivativos. 

Com as opções semanais da B3, será possível fazer travas de calendário mais curtas, antes possíveis apenas mensalmente ou no mercado estrangeiro, acrescenta Erik Pajunk, diretor de investimentos da Nomos. 

Já Matheus Medeiros, trader profissional de opções, destaca a possibilidade de usar as opções semanais para estratégias atreladas a notícias ou eventos de impacto na volatilidade a curto prazo. Em gíria de mercado, os novos derivativos servem para “operar notícias”, como balanços trimestrais, notícias corporativas e dados macroeconômicos. 

O lado escuro da Lua

O potencial das opções semanais para fins meramente especulativos confere a elas o potencial de camuflar práticas de insider trading – ilegais e sujeitas à punição pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ainda assim, o trader desejoso de operar os novos derivativos dentro da lei tem outros riscos para observar. 

O primeiro risco é o de liquidez, diz Medeiros. O fluxo de negociação dos novos produtos não deve ter tanta capilaridade neste primeiro momento, assim como é o cenário atual das opções de BDR. Assim como a B3 dispunha apenas de opções com vencimento bimestral no início dos anos 2000 e passou por um período de adaptação para as mensais, a adesão às semanais pode levar algum tempo. 

O trader também vê as opções semanais como mais arriscadas que as mensais, dado o vencimento menor. “O vencimento na terceira sexta feira do mês traz a possibilidade do mercado voltar ao seu favor, caso ele ande contra naquela semana em que entrou na operação”, compara.

Pajunk concorda. “Teoricamente, para operações mais curtas, o risco tende a ser maior.” Todavia, ele aponta que os riscos vão variar mais de acordo com o tipo de operação a ser feita. O xará, da Jumba, põe o termômetro de risco no gerenciamento do operador, ao invés das opções em si. 

Para explicar, Erik Rodrigues utiliza duas perspectivas. Primeiro, ao assumir o risco em uma operação de prazo menor, há probabilidade muito menor de oscilação do papel se comparado à de prazo maior. Por outro lado, dependendo da operação, a passagem de tempo mais rápida pode reduzir drasticamente as chances de lucro, pois a depreciação com o tempo será mais rápida. 

“Sendo assim o risco deve ser gerenciado pelo operador para todas as suas operações, evitando exposição excessiva de patrimônio a esse tipo de instrumento.”

Quem pode mergulhar

Feita as considerações sobre os riscos, hora de averiguar o perfil de trader mais adequado para operar opções semanais. Para Erik Pajunk, a novidade é para todo mundo, conquanto haja claridade no entendimento do tipo de operação realizada. 

Os outros especialistas discordam. Matheus Medeiros recomenda as semanas apenas para perfis mais agressivos, que busquem de fato operar com volatilidade. 

A própria natureza dos novos derivativos torna-os recomendados apenas para traders mais experientes e ativos, acrescenta Erik Rodrigues. As opções semanais são “para quem busca oportunidades de curto prazo, estão dispostos a monitorar de perto suas posições e têm uma compreensão sólida das dinâmicas do mercado de opções”, amplia. 

“Esses produtos podem ser particularmente atraentes para traders que buscam lucros rápidos e têm a capacidade de reagir rapidamente a mudanças no mercado.” 

Aos iniciantes, Rodrigues recomenda começar por operações básicas, tendo uma fonte educacional confiável e comunidade na qual possa trocar ideias e aprendizado junto a um suporte adequado.

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