O Brasil em 2023: ex-funcionário do Ministério da Economia comenta cenários Lula e Bolsonaro em evento

JGP Política eleições

Gestor federal concursado do Ministério da Economia durante quase dez anos, Afonso Pacífico considerou o segundo turno da corrida pela presidência uma eleição em aberto.

Em evento promovido pela JGP na última sexta-feira (21), intitulado “Perspectivas do Cenário Político para a Próxima Legislatura”, o hoje analista de política da gestora ponderou sobre os dois possíveis governos a regerem o Brasil em 2023.

Cenário Lula

Dada a nova configuração do Congresso Nacional, Afonso Pacífico pondera que, em um eventual governo Lula, pautas mais alinhadas à esquerda vão tramitar em menor magnitude ou “minimamente com maior tempo de maturação”.

O analista apontou incertezas quanto ao cenário econômico em um novo mandato do ex-presidente, posto que Lula “ficou sem discutir algo para a economia” durante a campanha. De acordo com Pacífico, o petista quer “um cheque em branco do ponto de vista econômico”.

Tudo vai depender do escolhido para chefiar o Ministério da Fazenda. O especialista da JGP, levando em conta a crença em planejamento centralizado presente nos mandatos anteriores de Lula e comum em governos de esquerda, prevê o desmembramento do atual Ministério da Economia nas pastas de Fazenda, Planejamento, e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Pacífico apontou três subcenários para a economia sob uma administração petista. O primeiro seria conduzido por economistas mais próximos ao centro político, como Henrique Meirelles e Armínio Fraga.

O segundo e terceiro cenários seriam de influência política mais escancarada, seja sob o que o analista chamou de “esquerda pragmática” – com Jacques Wagner, Rui Costa ou Alexandre Padilha – ou sob a heterodoxa “esquerda radical”, de Fernando Haddad ou Aloizio Mercadante, um dos fundadores do PT.

Pacífico classificou uma eventual gestão de Mercadante como um cenário de “argentinização”, aludindo ao governo de Alberto Fernández, presidente da Argentina desde 2019.

Para as três projeções, o analista enxerga medidas de caráter protecionista, bem como políticas de investimento amplo. O objetivo de um governo Lula seria “colocar dinheiro na economia”, através de bancos públicos e programas sociais, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Já a Petrobras [PETR3; PETR4], apontou o especialista da JGP, seria o ponto central de um mandato do petista – uma “Petrobras forte”. A estatal, além de empresa de energia, voltaria a agregar refinarias, bem como seria direcionada à transição para energia limpa.

O cenário-base de Pacífico sobre os demais ministérios aponta a escolha de políticos para chefia.

Cenário Bolsonaro

Um segundo mandato de Jair Bolsonaro seria “essencialmente de direita”. Para Afonso Pacífico, os ministérios continuariam geridos por técnicos das respectivas áreas. Economia deve seguir sob gestão de Paulo Guedes – ou seja, contrário a qualquer planejamento centralizado.

O especialista em política da JGP, considerando que o “teto de gastos no modelo atual é inviável”, sugere que a âncora fiscal do governo deve ser remodelada.

A discussão de um processo de privatização para a Petrobras é dada como certa. Aliás, Pacífico sinaliza as pastas de Minas e Energia e Infraestrutura como principais destaques de um segundo mandato de Bolsonaro. Pautas regulatórias, semelhantes ao Marco do Saneamento e à Nova Lei do Gás, tendem a avançar.

O divisor de águas entre os dois mandatos, pondera, deve ficar com a pauta dos costumes, levando em conta o novo perfil do Congresso Nacional. “Aqui você vai ver a cara do governo Bolsonaro”, pondera Pacífico.

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