Vou te convencer até o final dessa matéria a investir parte do seu patrimônio fora do Brasil. E faço um desafio: se você não estiver convencido do que escreverei, peço humildemente que mande-me um email (rodrigo.correa@bsinvestimentos.com.br) com os motivos pelos quais não faz sentido para você internacionalizar parte de seu patrimônio. Com muita humildade, lerei todos aqueles que me escreverem e, se houverem bons motivos pelos quais fui megalomaníaco na minha pretensão a converter brasileiros ao investimento global, farei uma parte dois dessa matéria, expondo minhas ignorâncias sobre esse assunto e partilhando boas novas com meus leitores.
O brasileiro médio, na última década, viu seu patrimônio aproximadamente dobrar. Considero para isso que o brasileiro médio estava investido a 100% do CDI (veja figura 1). Entretanto, isso é apenas o resultado nominal da história. Naturalmente, as coisas sobem de preço, e medimos isso através dos índices de inflação. Nosso índice oficial é o IPCA. Retirando o efeito da inflação do valor do patrimônio, o valor acumulado cresceu apenas 23% na década (bem menor que ~105% da primeira linha). Agora, se você medir esse efeito em termos de moeda forte (no caso, usaremos o USD – dólar americano), então a figura muda drasticamente. 100% do CDI acumulado na última década, em dólares, faz com que o patrimônio, em vez de ter crescido, tenha diminuído e valha apenas ~80% do original. Ou seja, você investiu seu patrimônio e, uma década depois, ele encolheu 20% em moeda forte. Esse último ponto sinaliza o quanto nós, brasileiros, empobrecemos perante o mundo (ou pelo menos perante o dólar americano).
Acesso aos mercados globais está mais facilitado do que nunca. A última questão que ainda pode ter alguma relevância é saber se a opção de se investir globalmente está amplamente disponível ou não. A resposta é positiva. Hoje, qualquer investidor tem acesso à bolsa, e, nela, temos os BDRs, que são recibos de ações de empresas globais, negociados na B3. Além disso, a maioria das plataformas de investimentos oferecem fundos de investimentos internacionais, a valores de entrada bastante módicos. Por fim, algumas plataformas das mais utilizadas oferecem opção de investimento diretamente no exterior. Na XP, por exemplo, a partir de um patrimônio de R$ 10 mil, se tem acesso a investir no exterior através do mesmo aplicativo que gerencia seus investimentos locais. Então, não há mais desculpas, nem dificuldades.
Portfólio com exposições em ativos globais tem, na média, melhor performance que portfolios com ativos 100% brasileiros. Esse é um ponto mais difícil de comprovar. Vou apenas sugerir que avaliemos de um portfólio com 2 ativos: (i) título do governo brasileiro (100% CDI) e (ii) S&P 500 (bolsa americana). O resultado, em diversos mixes diferentes entre os dois ativos, apresenta-se na figura 3. Poder-se-ia fazer muitas outras simulações, mas a ideia é mostrar apenas o potencial desse tipo de estratégia. Se você é investidor conservador, considere investir um pedaço pequeno (2%, 3%, 5%…) do seu portfólio. Isso garantirá um melhor retorno, sem tanta volatilidade.
Se você já investe fora, parabéns! Se não, que 2023 seja o ano da internacionalização do seu patrimônio. Caso precise de ajuda nesse sentido, procure seu AAI, e estaremos à sua disposição para ajudá-los nesse processo!