O CEO do Twitter, Elon Musk, tenta tranquilizar os anunciantes

O bilionário diz que é receptivo às preocupações das marcas, mas dará prioridade à liberdade de expressão

O CEO do Twitter, Elon Musk, fez seu mais recente apelo aos anunciantes na terça-feira (18), buscando tranquilizá-los de que a plataforma é um veículo hospitaleiro e valioso para suas marcas.

Muitos anunciantes retiraram seus anúncios do Twitter após a conclusão da aquisição da plataforma de mídia social por parte de Musk em outubro, seja por preocupação de que ele pudesse enfraquecer a moderação de conteúdo, potencialmente levando a mais discurso de ódio na plataforma de mídia social, ou por causa da incerteza em relação à direção da empresa sob sua nova liderança. 

A publicidade representou quase 90% da receita do Twitter em 2021.

Musk – que conversou com a presidente de publicidade e parcerias globais da NBCUniversal, Linda Yaccarino – disse que estava ansioso para ouvir preocupações legítimas que os anunciantes possam ter sobre o Twitter, mas enfatizou que não cederia a pressões para fazer mudanças nas quais não acredita.

“Tudo bem dizer que você quer que sua publicidade apareça em determinados lugares do Twitter e não em outros”, disse ele na conferência de marketing Possible. “Mas não está tudo bem dizer o que o Twitter fará. E se isso significa perder dólares em publicidade, vamos perdê-los. Mas a liberdade de expressão é fundamental”.

Musk acrescentou depois: “Estamos tentando alcançar aqui um meio-termo sensato, ou estamos tentando satisfazer uma série de coisas, que é como garantir que o público tenha sua voz… mas também que você possa servir suas marcas e melhorar a percepção de suas marcas e suas vendas também”.

O bilionário CEO da Tesla Inc. tem feito rondas recentemente. A segunda parte de uma entrevista com Tucker Carlson na Fox News Channel foi ao ar na noite de ontem. A conversa cobriu uma variedade de tópicos, incluindo as preocupações de Musk com possíveis abusos de inteligência artificial, a indústria bancária, a inflação e o bilionário – que também é CEO da empresa de foguetes SpaceX – dizendo que não viu evidências de alienígenas.

“Não vi evidências de alienígenas”, disse Musk, acrescentando que tuitaria imediatamente sobre isso se tivesse.

A Fox, controladora da Fox News, e a News Corp., controladora do Wall Street Journal, têm propriedade comum. 

Em entrevista à BBC na semana passada, Musk disse que muitos anunciantes retornaram à plataforma ou indicaram que planejavam fazê-lo. 

No entanto, muitos dos grandes anunciantes parecem ter ficado afastados ou reduzido significativamente seus gastos no Twitter, de acordo com dados de terceiros.

Segundo a empresa de inteligência de mercado Sensor Tower, dos 100 maiores anunciantes do Twitter antes da compra feita por Musk, 37 parecem não ter gasto nada em publicidade no Twitter durante o primeiro trimestre deste ano. 

Além disso, outros 24 desses 100 maiores anunciantes parecem ter reduzido seus gastos médios mensais em anúncios do Twitter em 80% ou mais em comparação com o período anterior à aquisição, de acordo com a Sensor Tower.

Na terça-feira (19), Musk explicou a política do Twitter para moderação de conteúdo, a qual ele descreveu como liberdade de expressão, mas não liberdade de alcance. 

“Se alguém tem algo odioso a dizer, não significa que você deva dar a eles um megafone”, disse Musk. Ele acrescentou: “Não vamos recomendar conteúdo de ódio para as pessoas”.

Questionado por Yaccarino sobre seus próprios tweets muitas vezes controversos, Musk disse que a política também se aplica a ele. 

Ele abordou as preocupações sobre esses tweets, dizendo que as pessoas devem levá-los com um grão de sal e que é difícil transmitir o tom, como por exemplo de sarcasmo, em um tweet.

(The Wall Street Journal)